Garrincha era operário da América Fabril e jogava no Esporte Clube Pau Grande, em 1952. Suas pernas tortas fizeram com que passasse o vexame de ser rejeitado no Clube de Regatas do Flamengo e no Vasco da Gama. Até que Arati (ex-lateral direito do Botafogo de Futebol e Regatas) o viu jogar em Pau Grande e o levou para um teste em General Severiano. A reação do técnico do Botafogo, Gentil Cardoso, ao ver Garrincha no vestiário, preparando-se para entrar em campo, com suas pernas tortas, antes do primeiro treino no clube foi a pior possível: "Neste time aparece de tudo. Até aleijado".
Foi preciso um único teste, porque, terminado o coletivo, o lateral Nilton Santos exigiu sua contratação. "Não quero ter que enfrentá-lo", avisou. E Garrincha foi contratado.
Durante anos, o Botafogo viveu exclusivamente de seus dribles. Muitos de seus companheiros foram jogar na Itália, como Dino da Costa, Vinícius, China, Bruno, Rossi - todos artilheiros feitos pelo gênio da ponta-direita. Prejudicado por uma artrose nos joelhos que teimava em marcá-lo, Garrincha teve a carreira encurtada. Entregou-se à bebida e teve um triste fim. Mané Garrincha morreu no dia 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos.