Tuesday, June 17, 2025

A REVOLUÇÃO DE MIL NOVECENTOS E TRINTA NAS RUAS DE SÃO DOMINGOS DO PRATA.

 O jornal “A Voz do Prata”, de dois de novembro de mil novecentos e trinta, traz uma longa reportagem sobre como o povo de São Domingos do Prata recebeu o telegrama comunicando o triunfo da revolução.

Em suprema síntese, cito alguns trechos do referido artigo e comemoração.
“Logo que aqui chegavam os primeiros telegramas comunicando o triunfo final da Revolução com a deposição do Presidente da República, centenas de rojões subiram ao ar levando a todos um frêmito comunicativo de alegria.
Com raras exceções, lia-se através de todos os semblantes a expressão do mais incontido entusiasmo, da mais sadia alegria pelo término glorioso dessa arrancada cívica que durante vinte e um dia empolgou a Nação inteira.
Em todas as rodas e em todas as palestras faziam-se os mais pitorescos comentários em torno da personalidade turva do Sr. Washington Luiz e de seus companheiros de desgoverno àquela hora presos.
À noite a população da cidade percorreu as ruas guiadas pela Banda de Música Santa Cecília em ruidosa passeata cívica.
Ao passar pela estação telegráfica onde se achava o Dr. Edelberto de Lellis, Presidente da Câmara e do Comitê revolucionário, o Sr. Professor José Martins Domingues, diretor do Grupo Escolar, saudou o povo pratiano na pessoa do Chefe do Executivo Municipal.
Este respondeu fazendo a síntese do movimento e das causas que o levaram a efeito e terminou congratulando-se com o povo do município pela vitória da causa em que o Brasil empenhava a sua honra e os seus brios de povo livre. (.
Ao anoitecer desse dia a cidade estava repleta de povo que acorreu a todos os pontos do município, achando aqui reunidas quatro bandas de música para maior brilho dos festejos populares.
Às dezenove horas, hora marcada para o início da passeata, reunida grande massa popular na Praça Manoel Martins, em frente à Câmara Municipal, chegou à janela daquele edifício o Dr. Edelberto Lellis, de onde falou ao povo convidando-o a percorrer as ruas da cidade como demonstração de grande alegria popular por aquele acontecimento que marcava nas páginas de nossa história contemporânea a efeméride mais culminante de nossa vida nacional.
Daí desfilou aquela enorme massa de povo ao espocar de foguetes e ao som de dobrados marciais executados pelas bandas de música e aos vivas à Minas Gerais, ao Rio Grande do Sul, a heroica Paraíba e a todos os vultos importantes da política e da administração.
Em frente à residência do Presidente da Câmara falou o professor José Martins Domingues, cujas últimas palavras foram abafadas pelas palmas e vivas da multidão.
À porta da Agência do Correio falou o Sr. Farmacêutico Modesto Gomes Lima ardoroso liberal que se congratulou com os seus conterrâneos por suas expressivas demonstrações de civismo diante da gloriosa vitória que o Brasil acaba de alcançar.
A COLUNA DO CORONEL AMARAL VITORIOSA NA REVOLUÇÃO DE MIL NOVECENTOS E TRINTA, CHEGA A SÃO DOMINGOS DO PRATA.
A “Voz do Prata” de dezesseis de novembro de mil novecentos e trinta, publicava:
“De regresso da grande campanha cívica que teve como epílogo a derrocada do despotismo que havia substituído o regime constitucional brasileiro, chegou à cidade na tarde de quinta-feira o bravo oficial da milícia mineira, Coronel Octavio Campos do Amaral.
Com ele vieram cerca de cento e noventa praças e os valentes oficiais Capitães João Climaco, Astramiro Sant’ Anna, Roberto e Alberto Costa. Tenentes: Floricio, Annibal e Ernani. Drs. Justino e Severino.
Logo na entrada da cidade houve o primeiro sinal da aproximação das forças vitoriosas, dezenas de rojões subiram ao ar e, enquanto se providenciava para a acomodação dos oficiais e praças, o povo ia aos poucos se aglomerando nas proximidades do Hotel Philadelpho onde se hospedaram o Coronel Amaral e seu estado maior.
Às vinte e uma horas mais ou menos já grande massa popular enchia literalmente a rua e parte da Praça São Pedro, quando a banda de música local estacionou em frente ao Hotel homenageando o bravo cabo de guerra, seus oficiais e soldados.
Ali, à frente do povo, o Dr. Edelberto de Lellis, Presidente da Câmara, em nome do município, saudou o Coronel Amaral e seus invictos camaradas pelo grande feito de armas executado na gloriosa jornada através do vale do Rio Doce até a conquista do Estado do Espírito Santo, depois de desbaratado por completo toda a polícia capixaba e feito bater em vergonhosa fuga o Presidente do Estado.
O Coronel Amaral em longa e eloquente locução agradeceu aquela manifestação que lhe fazia o povo pratiano, fazendo uma narrativa empolgante de toda a luminosa trajetória de sua tropa pelo Estado do Espírito Santo que conquistou in totum o Rio de Janeiro e terminou erguendo vivas à Revolução triunfante, ao Brasil, ao povo mineiro e aos próceres do liberalismo nacional.
NOTA: Dois filhos do Dr. Edelberto, Nelson Lellis Ferreira e Edelberto Lellis Ferreira Filho, pegaram em armas para defender os ideais da Revolução de mil novecentos e trinta, como noticiou a “Voz do Prata”, edição de primeiro de janeiro de mil novecentos e trinta e um.
TRECHO EXTRAIDO DO LIVRO SÃO DOMINGOS DO PRATA BERÇO E ORIGEM, DE AUTORIA DO PRATIANO DR. EDELBERTO AUGUSTO GOMES LIMA, DISPONÍVEL NO GOOGLE NA GALERIA EDELBERTO.