Eu jamais poderia escolher como parceiro de vida alguém que não fosse, antes de tudo, meu amigo. Amizade verdadeira é parte da fundação que sustenta quem eu sou — uma das raras bênçãos que o tempo me deixou como herança.
Falo daquela pessoa que, onde quer que esteja, a qualquer hora — dia ou madrugada — atende o telefone ao ouvir minha voz embargada e não pergunta nada, apenas vem.
De carro, de avião, a correr pelas ruas… ou fica comigo no telefone, em silêncio ou em palavras, até que eu me desfaça em lágrimas, me recomponha, me lembre de quem sou.
Alguém que segura firme a minha dor como quem segura a minha mão — sem medo, sem pressa, sem julgamento.
Porque há dias em que a alma desaba. E nesses dias, quem me ama de verdade não foge — fica.
Fica comigo no caos. Fica comigo na sombra.
Fica comigo até o silêncio voltar a ser abrigo.