Tuesday, November 19, 2019

CONTINUO SEMI- VIRGEM

Em andar de avião, novato em experiências amorosas pois não há uma que se repita, pois são variadas as nossas paixões e diferentes as nossas etapas.

Até nas dores somos virgens, perder um amigo,   um carro num assalto ou  perder o emprego. 

No sexo, somos virgens diante de um novo cheiro e de um novo beijo.

Sou virgem da neve e das montanhas. Sou virgem do Pantanal, da Amazônia, em soltar fogos de artifício e de  tocar em arma de fogo. 

Finalmente considero-me parcialmente virgem em ' violência física', neste item quase empatei com  meu pai, que embora com oito filhos, nunca conseguiu dar-nos nem um leve tapa. Já eu, certa feita, quando  o meu filho Renato estava entre 2 ou 3 anos, e vinha se tornando um curioso em abrir toca-fitas, aparelhos de som, gravadores e outros aparelhos, valendo-se da ponta fina de uma caneta Bic ( não a azul ) e de uma pequena chave de fenda que ele encontrara no meu carro; não resisti e dei-lhe uma palmada ou chinelada no bum
bum, não me lembro bem, e Ele reagiu chorando : " oh pai !, eu não consigo ficar quieto ! " . Foi o bastante para entristecer-me internamente e ativar uma dor íntima, a atitude provocou um sentimento doído de culpa que não sabia explicar. A  noite revirava na cama, não conseguia dormir, o incômodo era muito maior do que o ato praticado, não me perdoava. Levantei-me fui ao quarto dele, assentei-me na beirada da sua cama, passei levemente as mãos em sua cabeça, acariciando seus cabelos,  como se estivesse pedindo perdão, chorei..., era época de inverno, puxei a sua coberta cobrindo-o com leveza, sai evitando fazer barulho e voltei ao meu quarto menos doído, momento em que me lembrei da minha mãe que, certa feita, falou assim com meu pai : " Oh Nô você não corrige estes meninos, só eu que o faço e fico como ruim e você como bonzinho !". Ele esperou um pouco e respondeu : " Oh mulher você me conhece, sabe que se eu der um beliscão num deles, eu não conseguiria dormir à noite, é meu jeito, não consigo !". Essa argumentação era  difícil de ser  contestada, pois uma vez eu perguntara a minha mãe o que Ela vira em meu pai para casar-se com Ele ? E Ela, prontamente respondeu-me : Eu sabia que Ele era bom desde que o conheci. 

Era assim mesmo, como bem definiu a querida prima Helena em um texto por ela escrito, era um casamento da  rigidez com a flexibilidade, ambas tão necessárias na educação de uma família.


BENÇA  Pai !, BENÇA Mãe  !


Ao meu filho Renato ( que nem sei se lembra do fato ) meu pedido de perdão e  ' Deus te abençoe '


A prima Helena (mineira-paranaense ), muito querida, não apenas um suave, mas também um abraço com saudades.