Thursday, May 18, 2023

  Sozinhos, apenas somos a estrada.

Quando tudo ao meu redor está indo rápido demais, eu paro e me pergunto: “O mundo é agitado ou será que é a minha mente?”

Monday, May 15, 2023

Bastiana e o Pároco

"Bastiana, esposa de Zé do Leite, de Caicó, andava pela rua, quando cruzou com o vigário da paróquia, que perguntou a ela: - Bom dia, senhora! Por acaso você não é a Bastiana, a quem casei há dois anos? - Sim, padre, sou eu mesma! - Mas não me lembro de ter batizado um filho seu. Não teve nenhum? - Não, padre, ainda não. - Bem, na próxima semana viajo para Roma. Se você quiser, acendo lá uma vela por você e por seu marido, para que recebam a bênção de poder ter filhos. - Oh, Padre, quero sim, muito obrigada, ficaremos muito gratos! Alguns anos mais tarde se encontraram novamente. O sacerdote, já ancião, saudou: - Bom dia, Bastiana! E aí? Como está agora? Teve filhos? - Oh, sim, padre, 3 pares de gêmeos e mais outros 4 “sozinhos”, no total 10, indo agora para o 11°! - Bendito seja o Senhor! Que maravilha... E o Zé, como está? - Está em Roma. Foi tentar apagar a vela que o senhor acendeu.

Sunday, May 07, 2023

Relação Abusiva – O Abusador se vê nesse papel?

O abusador pode ser, o homem ou a mulher da relação, entretanto, devido a nossa cultura machista, os casos em sua imensa maioria são de vítimas mulheres. O fator cultural exerce influência de forma considerável. A sociedade, o abusador e a vítima, por vezes não indentifica o abuso, por ser algo considerado normal na sociedade, tomando notoriedade somente quando há agressão física, e o ideal é não esperarmos chegar nessa etapa. As frases clássicas são: “Não sou abusador, fui criado por mulheres, amo mulheres, tenho amigas mulheres” O relacionamento abusivo tem etapas, ninguém se apaixona pelos defeitos, e no início há um esforço enorme em encantar o outro. E mesmo quando a relação abusiva já está instalada, há momentos bons, que dão combustível para a vítima acreditar, que o abusador pode voltar a ser aquele príncipe que ela conheceu. Não importa o quão próximo de um casal você seja, você não tem conhecimento para dizer: “Ele é maravilhoso, jamais faria isso com ela, ela quer aparecer” Só o casal é capaz de estabelecer o que se passa, essa pessoa pode ser um bom filho, um bom amigo, e mesmo assim ser um ABUSADOR no relacionamento. Seguindo códigos sociais estabelecidos, o abuso muitas vezes é visto como normal, já que o ambiente externo reproduz constantemente essas situações. Essa naturalização ocorre devido a romantização de comportamentos negativos, como ciúmes excessivo e disputa de poder dentro do relacionamento. Ou daquela velha frase: ” Lá no fundo ele é uma pessoa boa” ou “Ele só é assim quando bebe” ou ainda “Ele é assim na frente dos outros, mais em casa é um bom marido”, e por fim, “Na frente dos outros, ele é o príncipe que sempre sonhei” É muito difícil revelar o que acontece na vida privada, principalmente, por medo de julgamentos externos, e pelo fato da vítima sempre ser questionada, “Ah, tem que ver o que ela fez pra causar essa atitude”. Não seja o percursor dessa frase, não pergunte, acolha e encaminhe. Vale lembrar, que a dificuldade de sair do relacionamento abusivo, vem também da busca de resgatar o parceiro abusador de alguma situação, de ajuda, e por vezes são mulheres dependentes financeiramente, entre outras situações. Para você homem, que se identificar com algumas atitudes descritas abaixo, chegou a hora de adquirir conhecimento e mudança, pois depois não adianta chorar e dizer que não é abusador. Você pode mudar esse cenário da nossa sociedade, e ser o que hoje é exceção, e ajudar para que um dia seja a regra. Sinais de um relacionamento abusivo: – Indiferença: Costuma não dar Importância ou crédito a seus comentários ou necessidades – Menospreza suas conquistas – Ridiculariza suas opiniões e gostos – Afirma que apenas ele pode lhe amar, que ninguém mais irá querer. – Faz que você se afaste de amigos e familiares. – Faz você se sentir culpada pelas reações agressivas dele. – Grita ou desconta a raiva em objetos. – Alega que teve uma atitude desequilibrada porque estava estressado ou bêbado. – Manifesta ciúmes com muita frequência e por bobagens. – Vigia seus hábitos e conversas. – Controla sua vida financeira. – Proíbe que use alguma roupa ou ande com determinada companhia. – Vive pedindo desculpas, dizendo que vai mudar, mas não altera o padrão de comportamento. – Faz você acreditar que é responsável por ele, sua salvadora. – Diz que você está “louca” quando o coloca em xeque ou o contraria, fazendo com que você questione a própria sanidade e capacidade de analisar as situações. – Consegue impor suas vontades, inclusive forçando o sexo. – Lhe deixa insegura, com medo, constantemente infeliz e com a autoestima ferida. – Traição: Quando questionado alega que você não confia, e nunca irá confiar. Se ela passa todo o tempo que tem livre ao seu lado como pode te trair? Ela te ama, faz tudo por você. Você está exagerando, é louco! Você se sente culpado novamente. – Distorce fatos – Controle sobre a sua aparência Não precisa ter agressão física para ser abusivo, nem tão pouco passar por todos os sinais descritos acima. Os sinais acimas, são atitudes que você não tem que ter com ninguém, muito menos com as pessoas que você ama!

Friday, May 05, 2023

 

Casa de mãe depois que os filhos se vão

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um oratório. Amanhece e anoitece, prece. Já não temos acesso àquelas coisinhas básicas do dia a dia, as recomendações e perguntas que tanto a eles desagradavam e enfureciam: com quem vai, onde é, a que horas começa, a que horas termina, a que horas você chega, vem cá menina, pega a blusa de frio, cadê os documentos, filho.

Impossibilitados os avisos e recomendações, só nos resta a oração, daí tropeçamos todos os dias em nossos santos e santas de preferência, e nossa devoção levanta as mãos já no café da manhã e se deita conosco.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é lugar de silêncio, falta nela a conversa, a risada, a implicância, a displicência, a desorganização. Falta panela suja, copos nos quartos, luzes acesas sem necessidade…

Aliás, casa de mãe, depois que os filhos se vão, vive acesa. É um iluminado protesto a tanta ausência.

Casa de mãe depois que os filhos se vão tem sempre o mesmo cheiro. Falta-lhe o perfume que eles passam e deixam antes da balada, falta cheiro de shampoo derramado no banheiro, falta a embriaguez de alho fritando para refogar arroz, falta aroma da cebola que a gente pica escondido porque um deles não gosta (mas como fazer aquele prato sem colocá-la?), falta a cara boa raspando o prato, o “isso tá bão, mãe”. O melhor agradecimento é um prato vazio, quando os filhos ainda estão. Agora, falta cozinha cheia de desejos atendidos.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um recorte no tempo, é um rasgo na alma. É quarto demais, e gente de menos.

É retrato de um tempo em que a gente vivia distraída da alegria abundante deles. Um tempo de maturar frutos, para dá-los a colher ao mundo. Até que esse dia chega, e lá se vai seu fruto ganhar estrada, descobrir seus rumos, navegar por conta própria com as mãos no leme que você , um dia, lhe mostrou como manejar.

Aí fica a casa e, nela, as coisas que eles não levam de jeito nenhum para a nova vida, mas também não as dispensam: o caminhão da infância, a boneca na porta do quarto, os livros, discos, papéis e desenhos e fotografias – todas te olhando em estranha provocação.

Casa de mãe depois que os filhos se vão não é mais casa de mãe. É a casa da mãe. Para onde eles voltam num feriado, em um final de semana, num pedaço de férias.

Casa de mãe depois que os filhos se vão é um grande portão esperando ser aberto. É corredor solitário aguardando que eles o atravessem rumo aos quartos. É área de serviço sem serviço.

Casa de mãe depois que os filhos se vão tem sempre alguém rezando, um cachorrinho esperando, e muitos dias, todos enfileirados, obedientes e esperançosos da certeza de qualquer dia eles chegam e você vai agradecer por todas as suas preces terem sido atendidas.

Por que, vamos combinar, não é que você fez direitinho seu trabalho, e estava certo quem disse que quem sai aos seus não degenera e aqueles frutos não caíram longe do pé?

E saudade, afinal, não é mesmo uma casa que se chama mãe?

Miryan Lucy de Rezende – Uberlândia MG.