Thursday, February 27, 2020

PARA VOCÊ, QUE FAZ PARTE DA MINHA HISTÓRIA ...


“Longe é um lugar que não existe”, escreveu um dia Richard Bach... e muita gente, como eu, duvidou... hoje penso que concordamos... portanto, se nos afastamos uns dos outros, sem motivo aparente, não se aflija... basta erguer a cabeça e olhar o céu que nos cobre e traz muitas lembranças... a noite, ele se enfeita e nem todos experimentam ou percebem a magia de um céu estrelado... De manhã, o sol se levanta para dizer: Bom dia! E a maioria nem se quer levanta os olhos para dizer : Bom dia! Obrigado! E mesmo assim, ilumina o seu dia, aquece, esconde-se para lhe trazer a sombra ou para dar passagem à chuva... e lhe dá, sem reservas energias revitalizantes! Sempre!

Quando o dia se fizer noite para qualquer um(a) de nós, lembremo-nos... das épocas em que as sombras baixaram sobre alguém e nos fizemos presença, na solidariedade, na oração, no silêncio, de coração! Juntos, nos fazemos luz e ajudamos a iluminar o caminho... se já habitávamos nos corações uns dos outros, fixamos, de vez, nossa morada... “Longe é um lugar que não existe”...?! Sim... jamais estaremos distantes...

Se um dia sorri pra você, abri meu coração, as portas jamais se fecharão, e assim continuará ali, ainda que more noutra extremidade... a gente se encontra... a gente se vê...

Muito obrigada pelo bom convívio, pelo carinho, pelo pão de cada dia compartilhado, pelo trabalho prestado, pela mão estendida, pelo sorriso acolhido, pelo abraço suave ou apertado, pelas piadas e casos que fizeram-nos gargalhar! E, sobretudo, por existirem na minha vida!!!


Amo a todos!

SDPRATA, SET/2016 - Helena Martins Pepino


BONDOSA CAÇULLA ANALITA


Louvado Seja N. Senhor Jesus Cristo
Bondosa Caçulla Analita.

Tenho em mãos a sua amada cartinha portadora de seus dizeres, o que de tudo fiquei siente, e que muito me alegrou. Mas de todo este progresso, eu e você devemos elevar o nosso espírito, e dar graças a Deus em primeiro lugar, e em segundo, a sua extremada mestra, que tem roubado o seu precioso tempo, para ti ensinar com todo o carinho, tudo o quanto sabe transmitindo as lições primárias, morais e familiares.

Eis um pedido que lhe faço, ser-lhe obediente e dócil, respeitar a Ninica e Joãozinho, como um segundo Pai e uma segunda mãe, estas lições de civilidade, não á dinheiro que pague, seja pois uma umilde criada e serva dedicada, e nas suas orações peça a Deus para proteger aos seus D.D. benfeitores.

Concluindo vós abraço e abençoou, o mesmo faço a João, Ninica e os meninos todos.

Seu Pai, Manoel G. Martins.
( carta de meu avô materno a minha mãe Analita Gomes Martins - ano 1933 ) 

Wednesday, February 26, 2020

CARNAVAL

No Brasil veio do entrudo festa popular há três dias antes do início da Quaresma.

Brincadeiras como lançar farinha, baldes de água, limões de cheiro, luvas cheias de areia, lama, ovo, zombarias.

Em 1854, entrou em declínio por repressão policial, dando lugar ao moderno carnaval.

Carnaval = carnis levale ( origem latina), controlar prazeres mundanos, retirar a carne, jejuar.

Festejado mundialmente 47 dias antes da Páscoa, últimos momentos que antecedem a restrições alimentares e comportamentais que incluem não ingerir carne.

No antigo Egito, festejos pagãos, celebravam o fim do inverno e o início da primavera. Em Roma as escolas fechavam, os homens dançavam livremente e os escravos eram soltos.

Para se preparar para o sacrifício, organizavam banquetes e bailes repletos de exageros. Por volta de 1750 os portugueses introduziram o carnaval no Brasil.

Hoje o carnaval é importante para o turismo e negócios.
Primeiro bloco afro criado no Brasil foi o Ilê Aiyê 1974 por Vovô – Em Salvador.

Carnaval e samba começaram no Rio de Janeiro – Sambódromo foi o palco dos desfiles das escolas de Samba.
Para os cristãos o Carnaval significa “ adeus a carne”.

Na Bíblia – Livro Gálatas Cap. 5, Versículo 16 a 21.

“Por isto digo vivam pelo espírito e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne”.

No Carnaval, ocorre a alteração da ordem social, homens vestem-se de mulheres e vice-versa. Os escravos tomavam a posição dos patrões.

No Brasil, Ary Barroso na década de 30 era famoso compositor e Carmen Miranda, cantores.

Tivemos Braguinha e Alberto Ribeiro com a música “Yes, nós temos bananas”, alusão aos norte-americanos que chamavam a América Latina de “república das bananas”.

“Camisa Listrada”, de Assis Valente foi um samba-choro de muito sucesso em 1938.

Depois “Camisa Amarela” também de Ary Barroso, época de Ângela Maria, Lúcio Alves, Elza Soares a até Dolores Duran.

“Ala lá ô’ – 1941, de Haroldo Lobo, gravada por Carlos Galhardo em 1940, e tantas outras marchinhas.

Friday, February 21, 2020

MINHA MÃE ME ENSINOU...


O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO


Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido. 

Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. 

Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!

A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. 

A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.

Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. 

Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. 

Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão. 
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, Whatsapp ... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...

Que saudade do compadre e da comadre!...


Créditos: José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.

Friday, February 14, 2020

1884- ESCRAVO: garantia de dívida LIBERAL MINEIRO

 ESCRAVO DADO COMO GARANTIA DE DÍVIDA 
SÃO DOMINGOS DO PRATA

O jornal "Liberal Mineiro", em sua edição de 08 de março de 1884, publicou:

'O abaixo assinado faz público que, constituindo-se seus devedores o sr.(Nome do devedor) e sua mulher, por hipoteca passada a 7 de fevereiro de 1879, a juros de 1% ao mês, e devidamente legalizada na importância de 2:375$507 réis, deu como garantia um escravo preto, crioulo, por nome Vicente e terras na freguesia de São Domingos do Prata.

Não querendo os devedores saldar amigavelmente aquele débito, o abaixo assinado requereu ao juiz municipal de Santa Bárbara, desta província e obteve o sequestro dos mesmos bens, que efetivamente foram depositados em poder do sr. Pedro Sipolis.

Achando-se então em depósito estes bens, o devedor retirou ocultamente o escravo Vicente e pretende levá-lo para os lados do arraial do Coimbra ou São Geraldo e para que ele não faça qualquer contrato destes bens, o abaixo assinado faz o presente anúncio, protestando contra todo o contrato que for praticado sobre os bens hipotecados.


Fazenda Corrientes, 21 de janeiro de 1884.

Fonte: LIMA, Edelberto Augusto Gomes. Notícias sobre São Domingos do Prata antigo e seus distritos. Belo Horizonte. MG: Edição 2020. 72p.