A estação ferroviária de Tabuí e toda a linha férrea estavam muito decadentes. Não só os trilhos, todos estragados, corroídos e bambos, como os próprios trens, em péssimas condições. A cidade fora escolhida para receber um bando de funcionários da rede ferroviária, vindos de várias cidades, para um treinamento de uma semana. E um dos técnicos que veio para as palestras, era um coreano que nunca viera ao Brasil e falava um português pra lá de sofrível.
Ao fim do segundo dia de cursos e palestras, o coreano já tava puto da vida e foi reclamar para o chefe do treinamento:
- Mim chateado funcionário todos...
- Mas o que houve para o senhor ficar chateado?
- Nome feio corocaro em eu...
- Nome feio? Um apelido, por acaso? Que apelido eles colocaram no senhor?
- Povo todo chamar eu Morróida... Não gostar...
- Mas que povinho miserável este, hein? Chamar o visitante, um homem ilustre, de Hemorróida! Que coisa!...
No início da palestra seguinte, o chefe foi enérgico e categórico.
- Fiquei sabendo que vocês estão chamando o nosso visitante de Hemorróida! Nunca mais façam isso. É muita baixaria... Vocês entenderam?
Todo mundo baixou a cabeça, parece que arrependidos, concordando com o chefe. Este voltou à carga:
- Vocês devem tratar os visitantes como gostariam de ser tratados. Ele tem um nome e deve ser chamado pelo nome!... Afinal, qual é mesmo o nome do senhor, meu amigo?
- Saissang Doku!...
Não houve quem não se desmanchasse em gargalhadas no salão, menos o Morróida, é claro."