Friday, February 15, 2008

VIRANDO A PÁGINA

A gente é meio teimoso mesmo, sinto isto na pele quando se trata de saber que determinada etapa chegou ao fim, e que não faz sentido insistir na sua permanência, porque precisamos viver outras fases.
Normalmente o ser humano não está preparado para encerrar ciclos, terminar uma relação, inclusive para aposentar-se ou despedir-se de um emprego. A gente fica imaginando porque coisas tão importantes repentinamente transformam-se em nada ou “quase nada”. E ficar parado se lamentando não é a atitude ideal. A compreensão de que é impossível alguém estar ao mesmo tempo no presente e no passado não ocorre tão rapidamente. O que passou não voltará, isto é certo. Não se pode voltar a ser menino, nem se reviver uma ligação com quem já foi embora e não tem intenção de voltar.
As coisas passam. Por isso, embora doloroso, destruir recordações não é de todo ruim, mudar de moradia, doar coisas para asilos e orfanatos, inclusive livros para bibliotecas ou escolas. São atitudes que podem nos assustar, mas desfazer-se de manifestações visíveis pode significar abrir-se para outras coisas, fatos ou pessoas.
Desprender-se, não esperar reconhecimento por algum esforço, por sua possível genialidade ou por seu amor.
Aceitar-se, não aguardar o momento ideal para perdoar ou eliminar o ressentimento. O insubstituível é fantasioso.
O que fazer então?
Fechar a porta, limpar a poeira, apagar os rastros, mudar a música e passar a ser quem é, deixando de ser quem era, tornando-se uma pessoa melhor, mais segura, e lembrando-se sempre que: tudo que chega, sempre chega por alguma razão.