Friday, October 07, 2022

Heley de Abreu Silva Batista foi uma professora brasileira.

Durante o massacre na creche Gente Inocente, em Janaúba - MG, deu a própria vida para salvar seus alunos. A professora salvou pelo menos 25 crianças, sendo considerada uma heroína.

Em 2017, Heley de Abreu Silva Batista viu-se em uma situação trágica, mas não hesitou em colocar as crianças em primeiro lugar.

Aquele dia 5 de outubro de 2017 começou como qualquer outro para os moradores de Janaúba, em Minas Gerais. Era uma manhã comum na creche Gente Inocente e as professoras se preparavam para começar mais um dia letivo com as crianças.

Era para ser mais um dia cheio de brincadeiras, aprendizado e, inevitavelmente, algum choro. Os profissionais da creche, no entanto, foram surpreendidos por algo muito distante do que eles estavam acostumados a enfrentar: uma verdadeira tragédia

O segurança noturno da escola fez o impensável, munido de um galão de álcool, o homem entrou na escola e ateou fogo em si mesmo e em diversas crianças. Era um pesadelo.

Pouco antes do segurança entrar na instituição, criando uma cena digna de filmes de terror, a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, guiava seus alunos para a sala de aula. Atenta e responsável, ela prestava atenção em cada passo das crianças.

Foi nesse momento que, horas antes do começo de seu turno, o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50 anos, invadiu a instituição. Com o líquido inflamatório em mãos, o segurança noturno foi até a sala do segundo período e começou o incêndio.

Damião ateou fogo em si mesmo e logo partiu para cima dos pequenos, que tinham entre quatro e cinco anos. A sala de aula foi rapidamente tomada pelas chamas, enquanto Heley e outras duas professores tentavam impedir o ataque. 

Sem pensar duas vezes, a pedagoga partiu para cima do vigilante e, segundo diversas testemunhas, entrou em uma luta corporal com o homem. Dessa forma, antes de tentar salvar o maior número de crianças que podia, Heley também teve seu corpo incendiado. Junto de outras duas funcionárias, Jéssica Morgana e Geni Oliveira, a professora conseguiu retirar vários alunos da sala de aula, mas teve de ser levada para o hospital. Mais de 90% do seu corpo estava coberto por queimaduras irreversíveis.

Durante o incêndio, logo que a gritaria começou, diversos vizinhos da creche foram até a escola para socorrer as vítimas. Por sorte, muitas crianças foram salvas. No total, dez pequenos foram vítimas do ataque — todos tinham mais de 80% do corpo queimado. Além deles, segundo os bombeiros da região, outras 28 crianças e três adultos ficaram feridos e foram levados para o hospital às pressas. 

Heley chegou a ser levada para o Hospital Regional de Janaúba, mas, já em estado grave, não resistiu aos ferimentos. Sob cuidado dos médicos, a professora chegou a ter duas paradas cardíacas. As outras duas funcionárias também não sobreviveram.

Damião, o único responsável pelo incêndio, morreu na tarde do ataque. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu, assim como a professora que tentou detê-lo. Segundo sua família, o segurança tinha problemas de saúde mental e recebia tratamento psiquiátrico, mas nunca deixou de afirmar que, mais cedo ou mais tarde, iria se matar.

A professora foi enterrada como heroína e sua história agora é contada no documentário “Inesquecível”, da TV Escola.