Há um cansaço que não se vê. Um cansaço que se cola à pele como se fosse nosso desde sempre, como se tivesse nascido connosco. Um peso que não se mede em quilos mas em silêncios. Porque há silêncios que gritam mais do que qualquer desabafo. E é aí que tudo mora. Nesse espaço entre o que engulo e o que não digo. Entre o que sinto e o que mostro.
Ser mulher segura não tem nada de poético. Não é capa de revista nem frase inspiradora. Ser mulher segura é saber exactamente onde dói e mesmo assim ir. Mesmo assim levantar. Mesmo assim sorrir à criança, ao colega, ao estranho que pergunta “estás bem?” e espera só um aceno, não uma resposta.
A força não se escolhe, aprende-se. À força. Aprende-se a ser o colo quando ninguém o tem para nos dar. Aprende-se a não pedir. Aprende-se a não precisar. Aprende-se a seguir, mesmo com o peito a arder e as pernas a ceder. E esse “tudo bem” que se diz tantas vezes é uma forma de não chatear. De não pesar. De não ser problema.
Sabem lá o preço. Sabem lá o que é ir ao fundo e voltar sem que ninguém repare que se afundou. Sabem lá o que é acordar com o mundo inteiro às costas e continuar como se nada fosse. Sabem lá o que é ser forte porque é o que esperam de ti, não porque se quer.
Não sabem. Nem precisam. Porque ser assim não é para mostrar, é para aguentar. E eu aguento. Com tudo o que isso custa. Com tudo o que já custou.