Lendo um texto que me foi passado por uma amiga, que certamente sabe do meu gosto pela leitura, fiquei a pensar realmente sobre o que foi analisado por um homem após viver 85 anos, e que conclui que se pudesse viver os anos já passados novamente, não tentaria ser tão perfeito.
A nossa habitual tentativa de sermos perfeitos faz com que não vivamos descontraídos; estamos sempre vigilantes, tensos, preocupados com o que os outros pensam de nós e com isso não nos permitimos viver. Viver com excesso de juízo e sensatez pode nos impedir de termos bons momentos, vale lembrar que a vida é apenas um momento curto, médio ou longo, variando para cada pessoa.
Deixamos de viver porque a nossa imaginação cria mais problemas do que a vida verdadeiramente.
Após ler e reler o referido texto fiz uma análise muito pessoal da minha vida e concordei com a mensagem do autor do texto: se somos racionais demais, perdemos os nossos sonhos. É bom lembrar que a razão não cria sonhos. Ela é matemática, exata, fria e calculista. São nossos sonhos que espalham sementes e fazem com que prossigamos nesta vida que sempre está a nos oferecer um motivo para continuar sonhando.
Com licença leitor, estou indo sonhar..
Monday, September 11, 2006
ASSUMINDO A VIDA
Sorte, azar, crença ?
Entendemos que tudo que nos acontece tem a nossa participação, num grau maior ou menor, principalmente se afirmamos que podemos controlar os acontecimentos para que a vida seja como a queremos.
SOMOS APENAS RESPONSÁVEIS PELA NOSSA VIDA, PODENDO MELHORÁ-LA.
Aprender com erros é crescer.
A construção da felicidade requer paciência, trabalho, aprendizado e muita responsabilidade.
O QUE É RESPONSABILIDADE?
É responder por seus pensamentos, sentimentos e ações. Ninguém é encarregado de nos fazer feliz, e nem nós somos responsáveis pela felicidade de outrem.
Cada um é responsável por si próprio:
Quando criança, ainda não temos vivência e não conseguimos ser donos de nossas ações. Contudo, com o crescimento, adquirimos o direito de escolher e responder por nossos caminhos.
A nossa realização não pode ser transferida para outrem. Temos o ilusório entendimento de que seremos felizes controlando as ações dos filhos, da esposa, do marido e até dos pais.
Qual a atitude correta?
Conquistar a sua felicidade e desfrutá-la na companhia dos outros em união de alegrias.
Atitude Negativa :
A postura de “vítima” é não acreditar em si próprio.
Viver é escolher:
Todo ato é uma opção. Toda opção tem uma conseqüência. Nesta escolha sempre haverá a possibilidade do erro. Erro que deve ser visto como chance de aperfeiçoamento contínuo.
Culpa:
Temos comumente a mania de acusar o mundo e as pessoas pelos nossos problemas.
Achamos que somos azarados. Censuramos a todos, menos a nós mesmos. Queixamos de tudo e de todos.
Solução:
Analisar a ligação que existe entre o que nos acontece e nossas atitudes mentais.
Limites:
Os limites nos fazem firmes e conscientes para que possamos nos relacionar com os outros sem sufocá-los.
Lembremo-nos: Apesar de imperfeitos, devemos confiar em nós mesmos e respondermos pela nossa vida.
Ser responsável é ter humildade nas quedas, nos erros e nas dificuldades. É a autonomia para reescolher, se a vida não estiver boa.
Portanto, devemos entender que não há vítimas do destino.
Sorte é estar de olhos abertos e aproveitar bem as chances.
Azar é esperar que tudo lhe caia do céu, inclusive a felicidade.“Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Friday, September 08, 2006
DIZER NÃO
A concepção inicial que temos do amor coloca-o como sinônimo de bondade, proteção e ajuda.
Quando crianças dependemos material e psicologicamente de nossos pais, isto em razão das limitações naturais que nos impedem de responsabilizar pela própria vida.
Com o passar do tempo vamos aprendendo a cuidar de nós mesmos e a suprir nossas necessidades através da troca, do pedir.
É a reciprocidade do querer.
No amor verdadeiro há lugar para o “sim” e o “não”; na amizade também.
O AMOR COMO ENCONTRO
O amor pressupõe direitos e poderes iguais. Inclui a verdade e a bondade.
“Não lhe direi não, se puder dizer sim; mas não lhe direi sim, se tiver que dizer não”.
Esta colocação é sagrada. Evita angústia, ressentimento e hostilidade. O “fazer” coisas para o outro contrariando a vontade própria é a abertura do caminho para o fracasso das relações.
Sendo coerente evita-se a pirraça, a teimosia.
O amor entre pessoas maduras permite discordâncias, mas não se apega a sofrimentos inúteis (culpa e pena).
Não devemos achar que temos de resolver os problemas de todas as pessoas, mesmo porque somos limitados e por isso mesmo não podemos ajudar alguém em determinada circunstância. Nem sempre pode-se abrir mão de si mesmo e fazer tudo pelos outros.
Se para amar as outras pessoas, eu me imagino obrigado a me sobrecarregar, a fazer coisas contra minha vontade, a nunca dar um não, tenderei naturalmente a negligenciar minhas necessidades, o que provocará depressão. A depressão é um sentimento que decorre da falta de amor a mim mesmo. A manifestação mais evidente da falta de auto-amor é não respeitar o próprio querer, não saber dizer não. No fundo, há um temor de não ser amado, de ser rejeitado, de ser abandonado por aquele a quem negamos um favor. A bondade exagerada é uma forma de comprar o amor do outro, o que evidentemente não ocorre, mesmo porque, não há nenhuma moeda que compre o amor. Essa tentativa de ser amado pela outra pessoa, através da bondade, explica a sensação de injustiça, de ingratidão que povoa o coração das pessoas muito boas e que nunca são reconhecidas.
Quando crianças dependemos material e psicologicamente de nossos pais, isto em razão das limitações naturais que nos impedem de responsabilizar pela própria vida.
Com o passar do tempo vamos aprendendo a cuidar de nós mesmos e a suprir nossas necessidades através da troca, do pedir.
É a reciprocidade do querer.
No amor verdadeiro há lugar para o “sim” e o “não”; na amizade também.
O AMOR COMO ENCONTRO
O amor pressupõe direitos e poderes iguais. Inclui a verdade e a bondade.
“Não lhe direi não, se puder dizer sim; mas não lhe direi sim, se tiver que dizer não”.
Esta colocação é sagrada. Evita angústia, ressentimento e hostilidade. O “fazer” coisas para o outro contrariando a vontade própria é a abertura do caminho para o fracasso das relações.
Sendo coerente evita-se a pirraça, a teimosia.
O amor entre pessoas maduras permite discordâncias, mas não se apega a sofrimentos inúteis (culpa e pena).
Não devemos achar que temos de resolver os problemas de todas as pessoas, mesmo porque somos limitados e por isso mesmo não podemos ajudar alguém em determinada circunstância. Nem sempre pode-se abrir mão de si mesmo e fazer tudo pelos outros.
Se para amar as outras pessoas, eu me imagino obrigado a me sobrecarregar, a fazer coisas contra minha vontade, a nunca dar um não, tenderei naturalmente a negligenciar minhas necessidades, o que provocará depressão. A depressão é um sentimento que decorre da falta de amor a mim mesmo. A manifestação mais evidente da falta de auto-amor é não respeitar o próprio querer, não saber dizer não. No fundo, há um temor de não ser amado, de ser rejeitado, de ser abandonado por aquele a quem negamos um favor. A bondade exagerada é uma forma de comprar o amor do outro, o que evidentemente não ocorre, mesmo porque, não há nenhuma moeda que compre o amor. Essa tentativa de ser amado pela outra pessoa, através da bondade, explica a sensação de injustiça, de ingratidão que povoa o coração das pessoas muito boas e que nunca são reconhecidas.
Wednesday, September 06, 2006
ANSIEDADE
Ser feliz é aprender a lidar com emoções e sentimentos. O mundo emocional determina a nossa relação com a vida, com o mundo e com as pessoas.
Somos nossas emoções.
Somos nossas relações, saudades, medos, angústias, tristezas, amores e alegrias.
Ansiedade é o mal do século. É a nossa reação a toda ameaça possível, com modificações corporais e espirituais em defesa diante de iminente perigo.
Viver é muito perigoso. Quando estamos ansiosos, o cérebro acelera e envia mensagens que aumentam o batimento cardíaco, ocorrendo palidez, mais açúcar no sangue.
Toda vez que o ser humano vê-se ou imagina em perigo iminente ele tem a tendência natural de atacar ou de fugir.
Muitas vezes, a ansiedade é apenas em razão de um perigo imaginário, que não se concretiza; mas produz grande inquietação e penaliza o corpo.
A nossa sociedade privilegia a pressa, a preocupação, a rapidez, cobra muito. Classifica o outro de mole ou lerdo, que não está nem aí; por isso todos precisam mostrar-se “ansiosos”.
Todavia, nascemos para viver, celebrar, estar presente, usufruir; o restante foi inventado para facilitar o dom da vida.
No mundo de hoje a maior queixa é a falta de tempo. A mulher, por exemplo, trabalha fora, estuda, mas continuou com os afazeres domésticos. Esta condição é difícil.
Pressa até para entrar em férias.
O nosso objetivo neste mundo é saborear a existência.
O estresse tira esta possibilidade de curtir os momentos porque aceleram o pensamento e as emoções para: fazer isto, para depois fazer aquilo, porque precisa ir a tal lugar, para depois falar com fulano... e assim por diante. Estamos sempre operacionando para depois.
Reparemos nos motoristas em seus carros aguardando o sinal abrir...
Somos nossas emoções.
Somos nossas relações, saudades, medos, angústias, tristezas, amores e alegrias.
Ansiedade é o mal do século. É a nossa reação a toda ameaça possível, com modificações corporais e espirituais em defesa diante de iminente perigo.
Viver é muito perigoso. Quando estamos ansiosos, o cérebro acelera e envia mensagens que aumentam o batimento cardíaco, ocorrendo palidez, mais açúcar no sangue.
Toda vez que o ser humano vê-se ou imagina em perigo iminente ele tem a tendência natural de atacar ou de fugir.
Muitas vezes, a ansiedade é apenas em razão de um perigo imaginário, que não se concretiza; mas produz grande inquietação e penaliza o corpo.
A nossa sociedade privilegia a pressa, a preocupação, a rapidez, cobra muito. Classifica o outro de mole ou lerdo, que não está nem aí; por isso todos precisam mostrar-se “ansiosos”.
Todavia, nascemos para viver, celebrar, estar presente, usufruir; o restante foi inventado para facilitar o dom da vida.
No mundo de hoje a maior queixa é a falta de tempo. A mulher, por exemplo, trabalha fora, estuda, mas continuou com os afazeres domésticos. Esta condição é difícil.
Pressa até para entrar em férias.
O nosso objetivo neste mundo é saborear a existência.
O estresse tira esta possibilidade de curtir os momentos porque aceleram o pensamento e as emoções para: fazer isto, para depois fazer aquilo, porque precisa ir a tal lugar, para depois falar com fulano... e assim por diante. Estamos sempre operacionando para depois.
Reparemos nos motoristas em seus carros aguardando o sinal abrir...
Certa ansiedade é até natural, pois é resultado do contato com o mundo que se constrói. Mas o exagero é que provoca inquietação, cansaço, falta de apetite ou apetite insaciável, insônia e a exaustão.
Tuesday, September 05, 2006
O AMOR
Há alguns dias sobre a insistência da chuva fina e intermitente vi-me a folhear o livro “VIVENDO, AMANDO E APRENDENDO”, de Leo Buscaglia, autor de “AMOR”, e que no mencionado livro retoma o para sempre discutido tema. Imediatamente pus-me a meditar a respeito.
Assunto tão vasto e com mais de mil definições, cantado por Chico Buarque, poetizado por Vinícius e Camões. Não se sabe como aflora, como persiste, nem quando vai embora.
Há anos os psicólogos, sociólogos e antropólogos nos vêm dizendo que o amor se aprende. Não é uma coisa que acontece espontaneamente. Acho que acreditamos que seja, e é por isso que temos tantas inibições quando se trata de relacionamentos humanos. Quem nos ensina a amar? A sociedade, nossos pais, nossos filhos? Estes, os filhos, sempre esperam que os pais sejam perfeitos. Depois ficam um pouco desapontados e desiludidos quando descobrem que os pais, pobres seres humanos, não o são.
Acreditamos que no campo da afetividade é muito importante a pessoa gostar de si como alguém que sabe que só pode dar aquilo que possui.
Nas ilações sobre o tema, relâmpagos de um texto: “Nenhuma dor é tão mortal quanto à da luta para sermos nós mesmos”. Quase sempre o amor pressupõe perda. A idéia de perda não é só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. Nossas perdas não são apenas as separações e partida dos que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança - e a perda da nossa própria juventude, julgada imune e invulnerável às rugas e cabelos brancos.
Um pouco enrugado, altamente vulnerável e definitivamente mortal, examinei essas perdas. Perdas necessárias que enfrentamos quando nos vemos face a face com o fato do qual não podemos fugir...
Que alguém vai nos deixar; que as dores nem sempre desaparecem com um beijo; que estamos no mundo essencialmente por nossa conta; que há falhas em qualquer relacionamento humano; que nosso status (se existir) é implacavelmente efêmero; que nossas opções são limitadas pela anatomia e pela culpa e que somos incapazes de oferecer a nós mesmos ou a quem amamos qualquer forma de proteção - proteção contra a dor, contra as marcas do tempo, contra a velhice, contra a morte.
Enfim, para crescer é necessário perder, abandonar, desistir e renunciar. No amor, quando se perde, a gente sente-se sugado.
Assim é o amor; ora azul, ora nebuloso.
Amar não é apenas dizer coisas bonitas às pessoas, ou sorrir, ou fazer boas ações, é estar disponível para a vida.
Monday, September 04, 2006
MENOS AMOR
O preço da vida em comum não deve ser pago com uma relação de sofrimento. Há casos em que a mulher ama demais, tanto que se sujeita ao desprezo, indiferença e até a maus-tratos. São as relações com os homens que amam de menos.
Algumas insatisfações com o casamento, a família e a amizade só podem ser resolvidas através do sentimento do amor. Companheirismo, sexualidade, prazer e a construção da vida devem ocorrer num ambiente de harmonia.
A incapacidade de amar é uma doença que acomete, principalmente sob a forma de dominação e posse, ao sexo masculino; enquanto a forma de desamor mais comum ao sexo feminino é a submissão, a dependência e a renúncia.
No homem, a incompetência em ser afetuoso aparece sob a forma de abuso de poder, de autoritarismo e de um certo prazer camuflado em ver a mulher sofrer. Essa incapacidade amorosa de alguns homens têm várias razões. A primeira delas remonta à relação que o homem teve na infância na sua primeira experiência com mulher, ou seja, com a mãe. Ou foi muito protegido pela mãe e não aprendeu que o outro existe também com necessidades afetivas. Por isso, quer receber sempre toda a atenção da esposa, sem nenhuma reciprocidade. E, quanto mais a mulher se anula para atendê-lo, mais satisfeito se sente. O seu nível de exigência é sem limite e a mulher se sente constantemente em falta, com culpa, com a incumbência de fazê-lo feliz, o que é impossível por dois motivos: primeiro porque ninguém faz alguém feliz e; segundo, porque eles são insaciáveis, ou então não foram amados pelas mães e nem sabem o que é amar.
O apego desenvolvido pelas mulheres é acompanhado de uma raiva reprimida à figura feminina, traduzida nas formas de relacionamento tão denunciadas pelas mulheres: frieza, críticas, impaciência, irritação, ar de superioridade e o famoso jogo do desprezo, do abandono e do ciúme. No fundo, eles maltratam as mulheres por medo da rejeição, fazem questão de se sentir superiores, sempre tendo razão, e as brigas constantes não têm por objetivo resolver os problemas, mas destruir a figura feminina, culpando-a pelo fracasso do relacionamento.
Nós conhecemos bem o deficiente físico; ou o deficiente intelectual, mas não prestamos atenção nos deficientes afetivos. Se para andarmos, precisamos das pernas e da competência motora, para nos relacionarmos bem, precisamos da competência amorosa. Há pessoas que não sabem ou não conseguem amar. São pessoas que sofrem e produzem sofrimento a quem delas se aproxima ou com elas convive. O medo do abandono, da rejeição, da traição e de serem magoados colocam os homens que amam de menos numa posição de defesa e, ao mesmo tempo, de ataque às suas parceiras. Em casos extremos, são capazes de agredir fisicamente e até matar suas mulheres.
Mulheres que amam demais e homens que amam de menos são neuroticamente complementares. Daí a dificuldade de se separarem. Permanecem durante anos nesse jogo em que uns sentem prazer em bater e outros em apanhar. É comum, nesses casais, nos intervalos da violência, as juras de amor, a prática compulsiva de sexo e o pedido apaixonado de perdão. Como, porém, a causa fundamental é a incapacidade de amar, logo em seguida recaem na repetição do drama e da dor. O contrário do amor é o medo. E a louca solução encontrada é destruir o objeto do medo que deveria ser o objeto do amor. Maltratar e desprezar a pessoa que se diz amar. O que salva é que a invalidez amorosa tem cura, não é uma invalidez permanente. Todo processo terápico, todo processo religioso, tem por objetivo nos ensinar a amar.
Quando descobrimos que a única solução para sermos felizes é o amor e percebemos a nossa dificuldade de amar, estaremos entrando na senda da felicidade. Sem amor, enredamo-nos na teia da competição e da hostilidade com o outro, gerando em nós e em nossos relacionamentos um profundo vazio, tédio e depressão.
Algumas insatisfações com o casamento, a família e a amizade só podem ser resolvidas através do sentimento do amor. Companheirismo, sexualidade, prazer e a construção da vida devem ocorrer num ambiente de harmonia.
A incapacidade de amar é uma doença que acomete, principalmente sob a forma de dominação e posse, ao sexo masculino; enquanto a forma de desamor mais comum ao sexo feminino é a submissão, a dependência e a renúncia.
No homem, a incompetência em ser afetuoso aparece sob a forma de abuso de poder, de autoritarismo e de um certo prazer camuflado em ver a mulher sofrer. Essa incapacidade amorosa de alguns homens têm várias razões. A primeira delas remonta à relação que o homem teve na infância na sua primeira experiência com mulher, ou seja, com a mãe. Ou foi muito protegido pela mãe e não aprendeu que o outro existe também com necessidades afetivas. Por isso, quer receber sempre toda a atenção da esposa, sem nenhuma reciprocidade. E, quanto mais a mulher se anula para atendê-lo, mais satisfeito se sente. O seu nível de exigência é sem limite e a mulher se sente constantemente em falta, com culpa, com a incumbência de fazê-lo feliz, o que é impossível por dois motivos: primeiro porque ninguém faz alguém feliz e; segundo, porque eles são insaciáveis, ou então não foram amados pelas mães e nem sabem o que é amar.
O apego desenvolvido pelas mulheres é acompanhado de uma raiva reprimida à figura feminina, traduzida nas formas de relacionamento tão denunciadas pelas mulheres: frieza, críticas, impaciência, irritação, ar de superioridade e o famoso jogo do desprezo, do abandono e do ciúme. No fundo, eles maltratam as mulheres por medo da rejeição, fazem questão de se sentir superiores, sempre tendo razão, e as brigas constantes não têm por objetivo resolver os problemas, mas destruir a figura feminina, culpando-a pelo fracasso do relacionamento.
Nós conhecemos bem o deficiente físico; ou o deficiente intelectual, mas não prestamos atenção nos deficientes afetivos. Se para andarmos, precisamos das pernas e da competência motora, para nos relacionarmos bem, precisamos da competência amorosa. Há pessoas que não sabem ou não conseguem amar. São pessoas que sofrem e produzem sofrimento a quem delas se aproxima ou com elas convive. O medo do abandono, da rejeição, da traição e de serem magoados colocam os homens que amam de menos numa posição de defesa e, ao mesmo tempo, de ataque às suas parceiras. Em casos extremos, são capazes de agredir fisicamente e até matar suas mulheres.
Mulheres que amam demais e homens que amam de menos são neuroticamente complementares. Daí a dificuldade de se separarem. Permanecem durante anos nesse jogo em que uns sentem prazer em bater e outros em apanhar. É comum, nesses casais, nos intervalos da violência, as juras de amor, a prática compulsiva de sexo e o pedido apaixonado de perdão. Como, porém, a causa fundamental é a incapacidade de amar, logo em seguida recaem na repetição do drama e da dor. O contrário do amor é o medo. E a louca solução encontrada é destruir o objeto do medo que deveria ser o objeto do amor. Maltratar e desprezar a pessoa que se diz amar. O que salva é que a invalidez amorosa tem cura, não é uma invalidez permanente. Todo processo terápico, todo processo religioso, tem por objetivo nos ensinar a amar.
Quando descobrimos que a única solução para sermos felizes é o amor e percebemos a nossa dificuldade de amar, estaremos entrando na senda da felicidade. Sem amor, enredamo-nos na teia da competição e da hostilidade com o outro, gerando em nós e em nossos relacionamentos um profundo vazio, tédio e depressão.
Friday, September 01, 2006
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