Monday, January 09, 2012

CASOS, CAUSOS & ACASOS

UM ADEUS

Aprendemos desde crianças a respeitar os desígnios de DEUS, foi assim que fomos criados e é certamente esta nossa fé que poderá nos ajudar nestes momentos difíceis e inesperados. Perdemos o nosso querido tio Jadir. Fizemos questão de colocar uma coroa de flores para homenageá-lo com os dizeres: OBRIGADO PELO BOM EXEMPLO, SEUS SOBRINHOS. Porque na verdade foi isso que ele nos passou com toda a sua simplicidade e singeleza de levar a vida.
Quando jovem, como era tradição em nossa família, foi trabalhar como barbeiro no salão de meu pai. Nesta ocasião contava eu com meus quatro ou cinco anos de idade, e ele já rapaz de 21 anos, tido pelas moças da época como um moço bonito, o que lhe valeu o apelido de “artista”. Não sabemos muito bem explicar as razões, mas certo era que nós dois tínhamos uma cumplicidade amiga muito grande, que ultrapassava a condição de tio e sobrinho. Adormeci por inúmeras vezes em seu colo e pacientemente ele carregava-me pelas escadas da minha casa e me entregava para minha mãe. Eu gostava dele, tínhamos muito em comum, talvez a exagerada preocupação com a saúde nos tenha auferido o título de “os nervosos da família”. Gostávamos de futebol, foi ele quem me fez torcer pelo Atlético Mineiro e também foram muitas tardes de Domingo que eu corria, após o catecismo, para o campo do Lava-Pés para vê-lo atuar no gol do Clube Atlético Pratiano juntamente com seus irmãos Jarbas e Jair. Lembro-me bem de que se durante o jogo ele sofria um gol, e algum torcedor perto de mim o culpava, eu saia em sua defesa e ficava bravo, e como menino por vezes até chorava.
Na sua juventude gostava de dançar, jogar futebol, namorar, nunca deixando de trabalhar e cumprir com as suas obrigações. Para a sua felicidade conheceu Maria José, filha do nosso querido Nonô Juca Martins, e aos trinta e três anos com ela se casou. No casamento foi um homem feliz, complementado pelos filhos Jadimar e Jaimara. Sempre me dizia, em nossas conversas íntimas, que não foram poucas, que se eu me casasse e tivesse como esposa uma pessoa como a MARIA, “a Maria minha”, como ele a ela se referia, eu seria muito feliz. Quase sempre me dizia frases que agora teimam em voltar à mente. “É Petrônio, ai de mim se não fosse a Maria. Ela é muito boa. É uma mãe para mim”. Estas frases me emocionavam e me faziam ser grato à Maria. Primeiro porque ele era um tio do qual eu muito gostava e, como eu sabia da sua fragilidade íntima, ficava feliz por saber que a sua esposa era seu grande apoio. Mas, não era apenas isto, ele era meu amigo, trabalhávamos próximos um ao outro, e ele acompanhava a minha vida e me incentivava, principalmente quando resolvi estudar Direito, já com quase quarenta anos, enfrentando duas ou até três viagens por semana a Divinópolis para frequentar a Faculdade; ele foi decisivo: “vá em frente, não desanime, o estudo é importante”, dizia e até lamentava-se de não ter tido esta oportunidade.
Por diversas ocasiões demonstrou-me ele a sua consideração e confiança, e sempre que achava necessário a mim recorria para ajudá-lo a pensar e a decidir sobre algum assunto. Nas duas vezes em que participei de campanhas políticas como candidato a Vereador e a Vice-Prefeito, esteve a meu lado e se alguém aventurava-se em alguma crítica contra mim, o que, aliás, é muito comum em época de eleições, ele não aceitava e encerrava o assunto, demonstrando a sua insatisfação. Essa era a minha convivência com o meu TIO JADIR, testemunhada por minha mãe que sempre me dizia que: “desde menino, você era muito agarrado a ele”. Agora, o imprevisto, o quase inevitável e o perdemos ainda relativamente novo.
Em minhas orações supliquei a Deus que desse a ele a chance de voltar para casa, não foi possível, não sei qual a avaliação de Deus: se minhas orações ainda foram poucas ou se Ele estava precisando de alguém bom, humilde, de caráter, para lá do céu, emitir mensagens que nos ensinem a valorizar a família, a amar mais ainda nossos filhos, a ter respeito pelos mais simples e humildes. A mim particularmente, ele já confidenciara a sua grande preocupação com os filhos em sua falta e especialmente com a “sua Maria”, o seu grande e único amor, quase uma devoção. Por isso, tio, neste último adeus terreno eu lhe prometo que nós, falo aqui em nome de nossa família, irmãos, sobrinhos e sobrinhas, continuaremos a amar sua esposa e seus filhos, como uma forma de manter acesa aquela chama de amor que você sempre teve e tem por eles dentro de seu coração.
Com muita saudade, seu sobrinho PETRÔNIO.