Thursday, December 09, 2021

FIGURAS POPULARES

Em todas as comunidades, em todas as localidades, a vida de um povo foi sempre marcada pela presença dos tipos ditos populares. São Domingos do Prata não faz exceção. Teve os seus e muitos. E continua a tê-los. E por que não dizer que eles também fazem a história? Relembremos os mais conhecidos.

SÔ CHICO CARDOSO – Sobre ele já falamos quando transcrevemos algumas crônicas da imprensa pratiana.

A recordação deste, Sô Chico Cardoso, foi registrada por meu pai, dizendo que o Chico era o terror das crianças pratianas do fim do século passado, por seu aspecto estranho: preto,velho,barbudo, e que andava com uma caçamba nas costas, transportando gêneros alimentícios das fazendas para a cidade. As crianças, ao fazer suas travessuras, eram ameaçadas pelos pais com a quiçamba de Sô Chi.....Cardoso.

texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO

LUIZ  DOUTOR – Ficou na memória do povo por causa de seu tambor, que rufava pelas ruas da cidade, de dia ou de noite, e a qualquer hora. E ninguém o demovia de sua atividade, mesmo que o momento exigisse o silêncio. Repetimos aqui o que foi dito nas notas biográficas do Pe. Pedro Domingues, quando este voltava de Goiás para São Domingos do Prata, em 1910 e que foi registrado pelo jornal O IMPARCIAL : “Uma nota cômica: quando a comitiva entrava no Cutucum, à frente de um grupo achava-se o Luiz Doutor, rufando sua caixa de guerra. Como os animais se espantassem, diversos cavaleiros fizeram-lhe sinal para cessar. Mas, debalde, o Luiz Doutor continuou impassível a rufar a sua caixa, como quem dissesse : - “Hoje o mundo é meu.”

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


TEODORO – Outra figura popular. Era um dos agregados do Capitão Cornélio Coelho da Cunha, na Fazenda do Frade. O Teodoro de vez em quando excedia-se na bebida e saía fazendo das suas pelas ruas. Quando alguém o ameaçava, dizendo: “Teodoro, cuidado, a polícia te leva pro xilindró”. Ele respondia, muito seguro de si: “Se eu cair na merda, Sô Cornélio me tira.”

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


ZÉ MARCOLINO – Provavelmente a figura popular mais excêntrica que surgiu em São Domingos do Prata. Preto, muito magro, jocosamente chamado “bacalhau de quaresma”, o que o deixava tremendamente furioso. Bebia muito e quando subia para o seu rancho no Caparaó, fosse que hora fosse, do dia ou da noite, subia cantando e batendo com uma pedra nos postes, que eram de ferro, acordando todo mundo. Imagine o leitor uma pessoa irreverente, soltando palavrões a torto e a direito, gestos indecentes e assim por diante. Provavelmente não vai fazer idéia objetiva de Zé Marcolino. Vai ficar muito aquém. Era demais. Vizinho de outra figura popular, MARIA CUQUINHA, com quem não combinava. Moravam ambos em cafuas de sapé, no Morro do Caparaó. Um belo dia Zé Marcolino pôs fogo na cafua de Maria Cuquinha e foram ambos levados para a Delegacia, a fim de esclarecer o acontecido. Eu presenciei, ainda criança que era, os dois sendo levados por policiais, passando pela Rua da Volta. Maria Cuquinha de cabeça baixa e Zé Marcolino gritando pra todo mundo escutar: “Ah! Foi eu, foi eu mesmo foi eu. Pus fogo no ninho da gambôa, pus fogo no ninho da gambôa.” Era assim o Zé Marcolino. Outros episódios dele não devo relatar aqui, mas podem ser imaginados como sendo o máximo de irreverência, palavreado baixo e gestos indecentes. Tudo isso pela rua fora, “de dia com sol quente”, como se dizia noutros tempos.

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


JOÃO DO BREJO – Outra figura popular que costumava beber muito. Volta e meia estava envolvido com Policiais, a quem chamávamos de “Soldados”. Uma ocasião o João do Brejo estava bebendo e, como sempre, incomodando a todo mundo com sua cantarola monótona, como se estivesse tangendo gado. Isso aconteceu na “venda“ do Sr. José Lima, marido de D. Bembém. Vão chegando dois soldados e o João pula rapidamente o balcão e vai postar-se no fundo da venda, à porta do “reservado”, fazendo com o dedo indicador o sinal típico de quem chama alguém , e disse aos soldados: “Vem, vem me prender aqui, aqui.” – É que no tal “reservado” estavam o Juiz de Direito e o Escrivão do Crime, também tomando umas e outras.

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


ZÉ PREQUETÉ – Morava pelas bandas da Serra do Zé Pereira. Roupa sempre muito suja, com um balaio nas costas e um porrete na mão, sorrindo para todos os lados, um sorriso descontrolado, simplório e meio nervoso. Dizia-se que era seu costume matar urubu para comer e então ficou na história a frase atribuída a ele: “Pus urubu pra cuzinhá, urubu nun quis cuzinhá, eu bibi o caldin dele.”

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


SÁ RITA DOIDA – Está no A VOZ DO PRATA do dia 28 de novembro de 1943 a notícia de seu falecimento, nos termos seguintes: “SÁ RITA. Faleceu no Hospital local, no dia 25 último, SÁ RITA DOIDA, como a chamavam as crianças, mas que, no dizer dela, não era doida, pois não jogava pedras em ninguém. Era uma louca mansa. Todos gostavam dela, devido a sua inofensividade. Mais uma das nossas figuras populares que desaparece para sempre do nosso meio. Seu enterro foi muito concorrido. Que Deus lhe dê a paz e o sossego que o seu cérebro não lhe deu em vida.”

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


ZÉ DE LELIS E SÁ CHICA – Eu os conheci, marido e mulher, velhinhos. Moravam em um rancho de sapé no Morro do Cruzeiro da Rua da Volta. Ele era cego e ela o guiava pelas ruas, servindo-se de um pequeno porrete. Frequentemente iam pela Cidade, recolhendo o que a caridade pública lhes oferecia, para uma subsistência mais que pobre. Ambos de voz muito mansa, numa humildade que fazia pena a nós, meninos, quando os víamos, com dificuldade descer e subir o morro do ranchinho.

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


ZÉ GAZOGÊNIO – Ainda jovem, quando devia contar os seus trinta anos, mais ou menos, surgiu em São Domingos do Prata, na década de quarenta, por ocasião da campanha política que precedeu a eleição do General Eurico Gaspar Dutra, para a Presidência da República. De cabeça meio leve, como se costumava dizer, perambulava pelas ruas, sempre pelo meio delas, em passos largos, gingando forte, balançando os braços, olhando para frente. Como fosse ocasião de muito foguetório pela vitória do General Dutra sobre o Brigadeiro Eduardo Gomes, a meninada descobriu a brincadeira seguinte: mesmo depois de passado o período das eleições, se jogasse uma bombinha por detrás dele, imediatamente ele dava um pulo para trás e gritava: “Viva o Dutra!”

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


SÔ NAZÁRIO – Italiano, morava pelos lados da Fazenda da Fábroca. Não era louco, mas sofria de desajuste mental. A criançada tinha medo dele, talvez por causa do seu olhar sempre espantado e seu andar desengonçado e talvez também por causa do grande porrete com que sempre andava.

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


CIDÚ – Preta, boca escancarada, desdentada, estatura baixa, gorda, gargalhada estridente, era uma criatura inofensiva. Mas quando a meninada descobriu que ela não gostava do apelido que lhe arranjaram, nunca mais lhe deram sossego. E ela ficava nervosa. O apelido era “Cidú Mamão”, por causa de seus volumosos seios dependurados.

 texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO


EUGÊNIO DO GANDRA – Poderíamos citar outros, mas vamos terminar com este que, provavelmente forme com Zé Marcolino a dupla mais marcante de figuras populares de São Domingos do Prata. Morava no Gandra mas era daqueles que quando começava a beber na cidade fincava barraca por muitos dias. E era objeto de gozação de toda espécie. Uma delas foi muito engraçada. Foi o seguinte: alguém o aborda e diz: “Eugênio, que falta de juízo, sua mulher estava doente, você saiu de casa, não deu atenção a ela. Fique sabendo que sua mulher morreu!” E o Eugênio, simulando grande espanto e dor: “Minha muié morreu? Então é priciso d’eu i lá, num é?” “Claro, Eugênio, você tem que ir para casa”. E o Eugênio foi tomando o rumo das Palmeiras. De repente ele dá meia volta e pergunta: “Iscutas uma coisa, o interro dela vai sê aqui no Prata, num é?” “Claro, Eugênio, pois no Gandra não tem cemitério”. E o Eugênio, como se tivesse encontrado a melhor solução para o caso, disse: “Uai! Então é mio isperá pur aqui mesmo, num é?”

 fonte : Subsídios  para a Historia - Frei Thiago Santiago


 

 

 

 

PRATIANOS CONHECIDOS POR APELIDO

 

Muitos Pratianos foram conhecidos mais por apelido do que pelos próprios nomes, e assim entraram para a História. Aliás esse fenômeno é comum em todas as comunidades. Damos a seguir alguns deles:

 

SÁ QUINA – Maria Joaquina Pinto Coelho, professora

GUIM – Domingos Gomes Lima, professor

ZECA – José Martins Domingues, professor

DONA INHÁ – Cornélia Lima, professora

CAPITÃO DICO – Egydio Lima, agente executivo

SÔ MINÉ – Manoel José Gomes Rebelo Horta, agente executivo

SÔ LULU – Luiz Prisco de Braga, verador e historiador

SÔ TÊ – Theophilo Santiago, meu pai, tabelião

NICO BARÃO – Antônio Fernandes Azevedo Barros, vereador

TOTONE – Antônio Martins Vieira, vereador

MINGOTE – Domingos Cota de Oliveira, vereador

DÉ – Atenágoras de Paula, esportista

DONA FILHINHA – Rita de Cássia Fernandes Lima, professora

SÔ INHÔ – José Gomes Domingues, prefeito

SÔ MIRO – Emílio Gomes Domingues, vereador

NONÔ LELÉ – Leandro Coelho Linhares, vereador

ZECA DE EUCLIDES – José de Oliveira Frade, vereador

SÔ GICO – João Pereira da Rocha, vereador

PEDRO TAVICO – Pedro Martins Vieira, vice-prefeito

ZÉ CATEDRAL – José Patrício Torres, cambista

TOTÓ MUAMBA – Antônio José de Magalhães, oficial de justiça.

 

texto extraído do Livro SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - FREI THIAGO SANTIAGO

 

RELEMBRANDO NOSSAS DATAS

 

1768 - Bencão da Capela primitiva, construída por Domingos Marques Afonso.

1769 - Chegou de Portugal a imagem policromática do Padroeiro São Domingos de Gusmão

1789 - Massacre de um filho do fazendeiro e de escravos da Fazenda da Conceição, pelos Índios Botocudos.

1820 - Licença da Cúria de Mariana para construção de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

1843 - O Arraial é elevado à categoria de Distrito de Santa Bárbara

1843 - Criação da Freguesia

1844 - Instituição canônica da Freguesia

1870 - Severino da Costa Leite, descobre a inscrição de Domingos Marques Afonso na árvore  Sapopema e Cipriano Vieira Marques a decifra.

1890 - Emancipação Política do Município, com sede na Vila de São Domingos

1891 - Elevação da Vila à categoria de Cidade

1892 - Começa a circular "O PRATEANO", o primeiro jornal

1902 - Fundação da primeira Escola Normal.

1904 - Inauguração do Serviço de água potável, na cidade - Administração do Pe. Pedro Domingues.

1914 - Abertura do Colégio Nossa Senhora das Dores, das Irmãs Francesas

1916 - Fundação primeiro time de futebol "PRATEANO FUTEBOL CLUBE"

1916 - Inauguração da luz elétrica na cidade - Administração Egydio Lima

1921 - Instalação do grupo Escolar Cônego João Pio - Administração Egydio Lima

1925 - Inauguração da Casa de Teatro

1928 - Fundação do Hospital Nossa Senhora das Dores - Administração Dr. Edelberto Lellis Ferreira

1928 - Crime do Bahiano, marco do período mais tumultuado da política pratiana.

1928 - Inauguração da rodovia SAÚDE (Dom Silvério) - São Domingos do Prata

1934 - A grande chuva de granizo

1935 - Abertura da Escola Normal Oficial

1936 - Eleição do Dr. Matheus para Prefeito Municipal

1937 - Fortes chuvas que destruíram 14 pontes no Município

1940 - Inauguração da Agência do Banco Mineiro da Produção

1944 -Comemoração do Centenário da Paróquia.

1946 - Publicação do livro História do Município de Luiz Prisco de Braga

1946 - Inauguração do Telégrafo direto de Belo Horizonte

1948 - Emancipação do Distrito de Dionísio

1951 - Expansão urbana na Cidade Administração Félix de Castro

1953 - Emancipação do Distrito de Marliéria, Goiabal e Jaguaraçu

1956 - Instalação do Ginásio Estadual Marques Afonso - Administração Lúcio Monteiro de Oliveira

1963 - Inauguração da Cooperativa Agropecuária Regional

1974 - Inauguração do prédio novo do Forum, com a presença do Governador Random Pacheco

1980 - Inauguração do acesso à BR 262, com a presença do Governador Aureliano Chaves

1992 - Comemoração do Centenário da Comarca, com a presença de 15 Desembargadores.

1999 - Os padres teatinos assumem a Paróquia. 


PESSOAS INESQUECÍVEIS

 

- Domingos Marques Afonso - O Pioneiro

- Padre José Joaquim da Encarnação - o primeiro Vigário

- Padre Antonio Cordeiro Abrantes - o grande Vigário

- Manoel Martins Vieira - o primeiro Intendente

- Cel Francisco Leôncio Rodrigues Rolla - o Fazendeiro progressista.

- Dona Inhá Lima - a grande Professora

- Pelágio Domingues o dedicado Maestro

- Cônego João Pio Souza Reis - Jornalista, Político, Senador

- Pe. Pedro Domingues - Vigário, Agente Executivo

- Capitão Egydio Lima - Político, Agente Executivo

- Dr. José Matheus de Vasconcellos - Médico, Prefeito, Provedor do Hospital

- Leandro Gomes Domingues - Juiz de Paz por 50 anos 

 

ENTIDADES ATUANTES EM SÃO DOMINGOS DO PRATA - MG


- Hospital Nossa Senhora das Dores

- Abrigo São Judas Tadeu

- Obras Sociais Monique Leclerq

- Centro de Saúde Romulo Gomes Lima

- Sindicato dos Trabalhadores Rurais 

- Associação Comercial

- Cooperativa Agropecuária Mucuri

- Centro Comunitário Pelágio Gomes

- Fundação Dr. José Matheus de Vasconcellos

- Parque de Exposição Paulo Rolla

- Centro Esportivo Pratiano - CENESP

- Nacional Esporte Clube

- Escola Estadual Cel Francisco Rolla

- Escola Estadual Marques Afonso

- Banda Música Santa Cecília 

- EMATER

- Banco Itaú

- Banco do Brasil

- Bradesco

- SICOOB

- COPASA (Água)

- CEMIG (Luz)

- Rodoviária Antonio Roberto Lopes de Carvalho