Tuesday, July 12, 2022

SURPRESAS PRATIANAS

Hoje cedo, eu e Elza fazíamos uma caminhada matinal por uma rua pratiana, quando passamos defronte uma oficina de lanternagem - organizadamente abrigando carros de muitos anos de fabricação. 
Extremamente limpa e com peças e objetos em geral disciplinadamente colocados em lugares separados, acabei entrando pelo seu portão e esperei o proprietário atender um cliente. 
Educado, ele interrompeu a conversa e nos cumprimentou perguntando se precisávamos de alguma coisa. 
Respondi então que entrara ali apenas para cumprimentar o dono pelo extremo zelo na apresentação do lugar: tudo rememorando oficinas que vira em Gamla Linköping - na Suécia. Lá é um templo  do tempo, onde o passado de séculos da mecânica e afins insiste em manter-se vivo em 2022. 
O Prata, então descobri, tem um lugar assim, em que o paralamas de um Fusca se nos apresenta como peça de arte, tal o esmero e carinho com que é trabalhado e pendurado num suporte à espera de receber   tinta e então ser recolocado em seu berço de sangue alemão. 
Fiquei admirado pelos detalhes difíceis de se achar em um estabelecimento dessa natureza em nosso meio e então confessei pro dono: entrara ali somente para cumprimentá-lo, parabenizando pelo fino trato com seus objetos de trabalho  no exercício da funilaria.
Do mesmo jeito que observei na “Velha Linköping”, resistindo silenciosamente ao rugidos dos Gripen fabricados para a Força Aérea Brasileira e que fazem seu primeiro début naquele ponto dos céus da Suécia, essa oficina pratiana desfila uma cidadania pouco conhecida da maioria das pessoas. 
- Vocês são do Prata? 
E conversa daqui e dali ele acabou descobrindo que viera ao mundo - em 1956, pelas mãos de Dr. Matheus, na localidade rural pratiana do Malafaia. 
E o cliente em conversa com ele - complementou que sua esposa trabalha há 26 anos no hospital ao qual ele dedicou sua vida: enriqueceu nosss conversa - então, com preciosas palavras de carinho em relação a ele. Elas então  me fizeram parecer que meu pai estava vivo, bem como os aviões e máquinas que vira desfilar em céus e terras da europeias. 
Constatei então que o “Idelfonso da Oficina” botou o mundo numa caixa de presente e colocou na  vitrine do seu local de trabalho para deleite dos conterrâneos que se nutrem dessa História singular: o Prata.