Monday, August 12, 2024

IGREJA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO

 

No dia 25 de setembro de 1948, sendo Pio XII o Pontífice máximo da Igreja e Dom Helvécio Gomes de Oliveira o Arcebispo Metropolitano de Mariana, foi solenemente instalada a Paróquia de São José de Monlevade, exatamente três meses antes da promulgação da Lei Estadual nº 336, de 27 de dezembro de 1948, que criou o Distrito de João Monlevade.

O povoado estava em festa. Era o último dia de um Tríduo Regional, programado pelo Capelão-Cura, Pe. Dr. José Higino de Freitas, em preparação ao V Congresso Eucarístico Nacional, prestigiado pela presença do Arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira. Naquele dia, terminada a Conferência, o Pe. Dr. José Alves Trindade, Secretário Geral do Arcebispado de Mariana, procedeu, do púlpito, à leitura do documento de ereção canônica da nova Paróquia. Nos termos do decreto, datado de 24 de setembro, o território da nova paróquia compreendia o núcleo populacional de João Monlevade, incluindo a chamada Vila Tanque e Baú, e os povoados de Carneirinhos e Jacuí de Cima (atual Cruzeiro Celeste). No mesmo dia, o Arcebispo anuncia e proclama o nome do primeiro Pároco: Pe. Dr. José Higino de Freitas.

Esse, o marco histórico, formal, oficial, testemunhado pelo Arcebispo, pelo jovem Pároco, por outros sacerdotes que aqui vieram para a solenidade, pelos Engenheiros Louis Jacques Ensch, Joseph Hein, Albert Sharlé e Geraldo Parreiras, Diretores da então Belgo-Mineira, e por uma parcela expressiva da população, já organizada em florescentes associações religiosas.

O cenário da solenidade era magnífico: “o Santuário de São José, construído em forma de V, verdadeira fortaleza sagrada, suspensa entre a folhagem da verdejante colina que domina as duas margens do Rio Piracicaba”, como se expressou o Pe. Pedro Sarneel, grande latinista, professor do Colégio do Caraça, autor dos versos latinos inscritos na pedra do altar, nos sinos e no nicho onde se encontra a esultura de Santo Elói. Concepção originalíssima do arquiteto Dr. Yaro Burian, a Matriz de São José, única do mundo em forma de V – de Vereda, Verdade e Vida – ganhava, na brancura de suas linhas arquitetônicas, recortadas no verde da vegetação, o status de sede da primeira paróquia operária do Vale do Aço.

A data, a festa, o marco histórico e o templo – ícone que se eternizaria como imagem-símbolo do futuro município de João Monlevade… E a história? Essa se vinha desenhando em outras veredas, construídas pelo ardor de uns tantos missionários que construíram com sua fé e seus trabalhos os fundamentos de uma cristandade já com dez anos de caminhada.

Poucos devem ser os monlevadenses que sabem da disputa acirrada que foi para se escolher o nome da Igreja Matriz, construída pela Belgo-Mineira ma década de 1940, sob a mata nativa, ali à Rua Tapajós. Na época, a Belgo havia contratado o arquiteto Yaro Burian, natural da Tchecoslováquia, para planejar a construção da cidade. Nasciam as ruas Siderúrgica, Beira-Rio, Cidade Alta, Aimorés, Tocantins, Tapajós, Tupis, Guarani, Tamoios, Tabajaras, Tieté e os bairros Vila Tanque, Jacuí, Pedreira. Junto à construção da cidade, e pela fé cristã dos primeiros moradores do antigo distrito e pioneiros da Usina de Monlevade, a empresa achava interessante a construção de uma Igreja. Afinal, toda cidade que se preza, tem a sua Igreja Católica, uma cadeia e uma praça. E até aquela época as missas eram celebradas pelo Padre Levi, de Rio Piracicaba, no gramado em frente à Fazenda Solar. Pode-se assim dizer que era como uma missa campal.

Pois bem, mas vamos voltar ao caso em pauta, que era a escolha do nome da Igreja. Inaugurada em 25 de setembro de 1948, projetada também por Yaro Burian em forma de “V”, de Vereda, Verdade e Vida. A construção teve início em 1942 e, em 1946 (dois anos antes da inauguração oficial), surgiu a polêmica para escolha do nome da Paróquia. Yaro Burian, católico praticante, era devoto de Santo Eloi, padroeiro de sua cidade natal, e decidiu requerer o nome do “conterrâneo” para batizar a Igreja. Por sua vez, o arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, sugeriu o nome de Matriz Santa Bárbara. No entanto, após muita discussão, prevaleceu a voz do pároco do distrito de João Monlevade, Cônego Higino de Freitas que, objetivando prestar uma homenagem às famílias monlevadenses – que na sua grande maioria eram formadas de metalúrgicos -, apresentou como opção o nome de São José Operário. E ele saiu vitorioso.

No entanto, para agradar as partes, vem a explicação do motivo pelo qual há uma imagem de Santo Eloi nas escadarias da Igreja Matriz. Enquanto isso, a imagem de Santa Bárbara ocupou um lugar nos altares do templo, ficando São José em local de destaque, no hall da entrada principal. E a primeira festa do Padroeiro São José realizou-se no dia 19 de março de 1946, com uma grande missa, sendo também comemorado o Dia do Trabalhador.

Começava ali uma bonita história!