“Diário do campo escrito ás margens do rio Doce em 1818”
“O rio Doce corria majestoso
entre as escuras florestas que o margeiam. Completa calma reinava em toda
natureza e o silêncio do
ermo era apenas perturbado pelo canto de umas pequenas cigarras e pelo barulho
dos remos de que se serviam meus canoeiros. Solidões vastas assim têm qualquer coisa de importante e eu me
sentia humilhado diante desta natureza tão possante e austera; Minha imaginação
se assustava, quando eu pensava que as matas imensas que me cercavam se
estendiam para o norte, muito além do rio Jequitinhonha, que elas ocupam toda a
parte leste da província de MINAS GERAIS; que cobrem, sem qualquer interrupção
,as do ESPIRITO SANTO, e do RIO DE JANEIRO ,parte do oeste da província de SÃO
PAULO , completamente a de SANTA CATARINA ,o norte e o oeste da província do
RIO GRANDE DO SUL e que além das missões ,irão , possivelmente, unir-se ás do
PARAGUAI SETENTRIONAL”.
Autor: Auguste Saint -Hilaire (1779-1853), naturalista e escritor francês
que fez inúmeras imagens de estudo do Brasil no século XIX.