Friday, March 14, 2014

A HISTÓRIA DE SANTA ISABEL



De: Jose Silvestre Pereira
Para: Os Conterrâneos de Santa Isabel (Distrito de Juiraçu)


 Revendo fotos postadas pela conterrânea Zara de Castro e outros, mostrando as antigas construções de Santa Isabel, despertou-me lembranças adormecidas da minha infância, naquele pequeno povoado, mas com grandes e inacreditáveis empreendedores, no comércio de lojas, bares,beneficiamento de café, arroz e milho. Empreendedores como os senhores Walfrido Perdigão, João Padeiro, Jair Perdigão, que movimentavam o comércio de tecidos e complementos. Pedro Padeiro com sua farmácia, Sr. Durães,Sr. Vicente (cunhado de Jair Perdigão), Sr. Gercino, Nonô de Faé, Sr. Geraldino que movimentavam outros tipos de comércio e o Sr. Zezinho de Tico com sua lanchonete. Dª Geninha,Agente de Correios, mantinha ainda uma pensão em sua residência. O Sr. Quinquim Pereira possuía uma bem montada máquina para beneficiar café e arroz movida hidraulicamente pelo pequeno riacho local. Sr. Zé Tavico que comerciava gado em toda região e com sua empatia conquistava a todos que o conheciam e ouviam seus “Causos” com alegria e gostosas risadas.
O Padre Agostinho, que além de Pároco, era grande atleta do Guarani F.C. (jogava com a batina presa na cintura) e movimentava as tardes de domingo com o jogo de futebol, previamente anunciado, após a missa. O campo enchia quando havia jogos regionais, amistosos, contra Macuco, Ilhéus, Gomes e Goiabal, sendo que contra este, era especial e sempre era marcado durante as férias dos estudantes que retornavam para visitas aos familiares. Estudantes estes sendo dois irmãos de Dedé de Paula: Nelson e José Silvério, dois filhos do Sr. Tavico: Odilon e Zequinha, três filhos de Luiz Pereira: Geraldo, Ivo e Silvestre, um filho do Sr. Gico: Sávio. Esses jogos eram sempre difíceis e o Guarani se impunha somando a juventude com os mais experientes como Dedé Tatá, Dudú Tavico, Zé Dolor, Zinho, Padre Agostinho e o excelente goleiro Mário de Beijo, davam muito trabalho aos adversários. Lembro-me ainda, que após o Padre Agostinho, veio o Padre Osvaldo, que com dinamismo movimentava as festas do Município. Dª Ita, vinha do Prata tocar harmonio e ensinava à Ambrósia, que viria ser sua substituta.

 Lembro-me ainda das tardes, quando vários fazendeiros regionais, chegavam em seus cavalos e se aglomeravam na sala do Sr. Luiz Pereira para ouvir “A Hora do Fazendeiro” da Rádio Inconfidência, pois somente o Sr. Luiz Pereira possuía gerador (pequena usina) de energia elétrica que também fornecia luz para a Igreja e para a casa de Da. Mariinha Padeiro, para fazer as hóstias. Enquanto isto, os meninos ficavam na rua em frente, brincando com os besouros e outros insetos que vinham de encontro à claridade da forte lâmpada na parte alta frontal do casarão. Pelo rádio, se ouvia Luiz Gonzaga com “Asa Branca” e “Mula Preta” que tocava nos intervalos das informações de interesse dos fazendeiros como: Sr. Nico Pimenta, Sr. Beijo, Sr. Nativo Rosa, Sr. Emílio Correia, Sr. Ozório Perdigão e outros cujo excesso de aniversários ,não me permitem recordar.

 Como informações para os mais jovens, Santa Isabel tinha na década de 40/50 o Cinema do Sr. Walfrido Perdigão,a Farmácia do Sr. Pedro Padeiro, Desnatadeira de Leite do Sr. Walfrido Perdigão, Fábrica de Fogos de Artifícios do Sr. Zé Cândido, Cartório do Sr. Pedroca Perdigão, Agência de Correios e Pensão de Dª Geninha, um Mestre de Obras o Sr. Domingos Honorato, uma Máquina de Beneficiamento de Café e Arroz de Quinquim Pereira, Forjaria (ferreiro) para fabricar colheres de ferro, panelas, ferraduras e outros do Sr. Leandro Borges, um Caminhão do Sr. Quinquim, para transporte dos produtos do Município e passageiros em cima dos sacos de café para Ponte Nova. Havia também profissionais tropeiros para a época das chuvas como Tio Zizito e Sr. Faé.

 Nesse tempo havia também uma Banda de Música, cujo maestro nas horas de folga, era o farmacêutico Sr. Pedro Padeiro. Recordo-me ainda da Rua de Cima, Rua de Baixo,do Altinho e do Caminho “VEIACO”, que tem uma história, cuja origem do nome, mostra a pureza e o caráter do seu povo mais humilde.

 Assim recordo-me de Santa Isabel e de seus “Causos”, como exemplo o de um dos filhos do Sr. Jove, que descia a rua puxando um burro pelo cabresto e quando passava pela porta da farmácia do Sr. Pedro Padeiro(que era um inveterado gozador),este, perguntou-lhe: “Onde vão vocês dois”. A resposta foi imediata: “Buscar capim para nós três”.