O DIREITO DE VIVER

        Esta pequena história não aconteceu em Vargem Linda ou   no "Texas", mas é de um filme americano.
        Uma senhora genialmente capaz de liderar, inteligente, exalando simpatia pelos poros, mãe de um casal de filhos, já adolescentes e feliz no casamento, repentinamente perde o marido em um acidente.
        O mundo desabou sobre seus ombros. Embora tivesse uma condição financeira cômoda, o desencanto pela vida vida foi ao extremo. Como gostava de flores, possuindo uma enorme área em redor de casa, passou a dedicar-se a elas. Já há alguns anos, trabalhava na família, um senhor que era jardineiro, homem simples, sem estudos, dócil, da mesma idade do ex-patrão falecido ou até um pouco mais idoso, portanto mais velho do que sua patroa. Percebeu ele,  que as flores, os jardins, eram a solução para reavivar a vida daquela mulher, que não se recuperara ainda da perda do marido. No afã do dia a dia, os dois começaram a se dedicar àquela atividade que lhes fazia tão bem e que aos poucos foi aproximando-os de forma quase imperceptível. Quando, de repente,  se viram necessitados "um do outro cada vez mais", mas infelizmente  foram surpreendidos pela discordância dos filhos dela, quanto a este possível "amor", ainda em fase inicial, embora com sintomas de solidez e sinceridade. As ameaças dos filhos à mãe foram tão fortes, que o jardineiro percebendo a dificuldade da situação e não querendo prejudicar o bom convívio da família; um belo dia não veio trabalhar e mudou de endereço, tornando inviável a descoberta de seu paradeiro.
        A senhora sofreu muito com a perda da companhia agradável daquele homem, sofreu tanto até adoecer.
        Como tudo na vida passa, inclusive a própria; o tempo passou, a filha casou-se e foi morar em uma cidade bem distante, o filho formou-se em Engenharia Química, foi estagiar em Paris, e conseguiu em ótimo emprego no Irã.
        E a mãe? Ficou sozinha morando na mesma mansão,  tentando manter viçosas as flores de seu jardim, pois isto era tudo que lhe sobrara, após a incompreensão e o egoísmo de seus filhos.