Wednesday, September 06, 2017

CONFESSO

Por ocasião de nosso aniversário é comum recebermos bençãos, parabéns e até certos elogios. Mas na verdade a gente não tem tantas virtudes quanto se menciona.

Abrindo o diário do meu interior confesso que quebrei uma vassoura para não varrer o terreiro, por achar que era serviço de mulher (obs.: minha mãe acabou por quebrá-la em meu bumbum).

Peguei luta com João Bosco na barbearia para subjugá-lo no chão e o Lúcio Monteiro ficou bravo comigo porque eu era maior, se tentasse fazer isso mais tarde ou hoje, estaria perdido com Joanes Cat. Não posso esconder que tirei uns trocados na gaveta de pai na barbearia parar comprar picolé. Inventava que estava com dor de cabeça para não ir a aula (aí mãe colocava um comprimido no meu bolso e dizia que se continuasse a dor,  tomasse na escola, o comprimido voltava). Catei guimbas de cigarro e fumava com meus colegas perto do muro da Igreja do Rosário.

Torcia para dar desinteria nos jogadores do Pratiano quando eles iam jogar contra o Nacional, a mesma coisa para os jogadores do Cruzeiro quando iam jogar com o Galo. Dei imenso trabalho ao Deco no Seminário, Ele não sabia o que fazer com a minha choradeira de saudades de casa. Quando tinha prova de História tinha quatorze pontos para estudar, estudava um e deixava treze para Santo Antônio. Era chato com alguns de meus irmãos mais novos querendo que eles tivessem maturidade,  quando ainda eram crianças. Na verdade colei na Escola, mas isso quando estava na Faculdade, no primeiro grau e segundo, não foi preciso. Na política joguei limpo, mas tive meus momentos ardilosos que não chegaram a perda de escrúpulos.

Para conquistar uma namorada dei-me uma importância que na realidade nunca tive. Namorei em excesso e não fui o marido que toda mulher gostaria de ter, embora a minha mãe houvesse me dito uma época que eu seria um bom pai, acho que não fiz jus à previsão dela, dava para fazer melhor. Certa feita, o Padre José Martins disse a ela que Eu seria "um grande homem ou um perigo na sociedade". Isto preocupou-a por um tempo até que ela percebeu que eu não seria nem uma coisa nem outra. Por vezes confundi franqueza com deselegância. Finalmente, a muito custo,  aprendi que nem tudo que quero, devo; nem tudo que devo, posso; e nem tudo que posso, consigo.

Como se vê custei a aprender que tudo é entre EU e DEUS (a minha consciência).

Portanto, não sou a referência que se possa parecer. Suave abraço.


AMÉM