Thursday, April 23, 2020

JANELA DA SAUDADE ( Humberto Eustáquio Marques Morais - HA CINCO ANOS SEM O Betinho )

A homenagem de hoje é doída, pois acrescida de um momento difícil para a nação e com um comportamento de muitos indo na linha oposta de quem, como o nosso saudoso Betinho, viveu e marcou o seu tempo junto aos familiares.

Nascido em Santa Bárbara, em 1948, filho de Sô Banico e de Da. Armeni, embora tenha tido alguns problemas de saúde, com a sua mãe recorrendo às bençãos do Pe. Eustáquio, e com a fé inabalável da mãe, o problema foi superado e com pouco estava refeito tornando-se   adepto de esportes, sem nenhum vício, destacando-se como um dos melhores jogadores de futebol de nossa região, atuando pelo Clube Atlético Pratiano.

Estudou na Escola Marques Afonso, indo posteriormente estudar em Belo Horizonte, onde especializou-se em Química, indo trabalhar na Vale do Rio Doce. Casou-se com a Professora Maria Paula Semião com quem teve duas filhas, a Renata e a Aline.

Vale ressaltar que chegou a treinar n Cruzeiro, marcado pelo tricampeão mundial no México, capixaba ex-jogador do Vasco e do Cruzeiro, deu-lhe uma botinada tão pesada, que o deixou irritado e não voltou mais aos treinos. Nesta mesma época fez dupla com o irmão Mauro,  um pouco  mais velho, outro craque de bola, atuando em dupla de ataque pelo Jaraguá Clube, parece-me que sediado na Pampulha, próximo ao Aeroporto, que faziam gols a vontade, mesmo porque, segundo o Mauro, o Betinho tinha um fôlego pulmonar invejável, talvez pela inexistência de nenhum vicio.

Dentro do campo era incansável, batalhador, cobrava dos companheiros, até que chegou a lograr o apelido de Zé Murrinha (o que traduz a ideia de insistente ).

Já com seus adversários, apesar de não abrir mão das disputas, era um gentleman ( expressão do  inglês que equivale a pessoa de finos modos e gentil trato ). Aliás, meu irmão Reinaldo que nos jogos Nacional x Atlético chegou a confidenciar-me da dificuldade em jogar contra Ele, primeiro porque era um futebolista de prima linha; e, segundo porque a sua polidez dentro do campo de jogo fazia-o  sentir-se constrangido em ter com Ele uma disputa mais pesada. Embora tenhamos o prazer e a honra de registrar que Betinho e seu irmão Fu ( grande goleiro ), registraram passagens pelo Nacional Esporte Clube,  o outro clube da cidade, que por sinal teve em meu pai, Nô Barbeiro, o seu primeiro Presidente - em 1957 - ano de sua fundação, embora saiba-se que os dois e os familiares eram todos tradicionalmente ligados ao CLUBE ATLÉTICO PRATIANO, - FUNDADO 1934, onde jogaram meus três tios Jarbas, Jadir e Jair.

Pessoa corretíssima na vida social e comercial, tido pelos próprios irmãos como o mais " Banico " de todos, por trazer consigo uma ingenuidade natural como a do pai.


Seu temperamento era de uma pessoa tranquila, sossegada, arredio ao cotidiano de festividades, trazia consigo um comportamento muito próprio dos pais, o do exercício de caridade. Era daqueles que se recolhia logo ao anoitecer, levantando-se cedo pois sempre foi um profissional dedicado por anos a fio na empresa que trabalhava.

Pessoa de muitos amigos, mas com o Chico Preto (que o chamava de Pinga  Fogo) praticamente se falavam diariamente, embora fosse uma pessoa mais voltada para a timidez, que se dissipava quando chegava o carnaval e, com os amigos, vestia-se de mulher para sair no "Bloco Velha Guarda" que nem era tão velha assim.

No futebol, certamente se tivesse ido para um clube grande, teria sido um craque, pois tinha excelente estatura e a compleição física adequada para um centro avante, como o foi.
Contribuiu muito para que Pratiano fosse um time respeitado e que quase sempre era campeão nos torneios que disputava, principalmente de Liga Monlevadense. Essa época aurea do futebol pratiano passou e estamos aqui todos amigos e gratos por ter vivido um tempo bom e histórico.

Como pessoa, sabia lidar com as situações de uma forma tranquila , mesmo quando o ambiente estivesse estressante, tomando a decisão correta de não entrar na pilha dos outros. Seu propósito de vida sempre demonstrou elevado grau de autoconhecimento. Por ter se constituído em pessoa exemplar e colaborado em todas as ações que visassem o crescimento do esporte, por indicação do Vereador Marcos Braga, foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de São Domingos do Prata, em 2013, uma vez que era nascido em Santa Bárbara-MG.

Pessoas especiais como o Betinho, fizeram-me ouvir : " a gente tem o prazer de ficar perto dele, era um diplomata."

Então concluí : diplomata com as pessoas e também com a bola de futebol, a ambos tratava com a finura que lhe era habitual.