Monday, June 21, 2021

SAUDADES...

 Quando aos dez anos anos fui para o Seminário, onde já estava o meu irmão Vanderlei, chorava de saudades da minha família. Meu irmão me consolava, ora brandamente, ora repreendia meus exageros. Tinha apenas dez anos. Não sabia explicar aquele sentimento tão forte. Doze anos mais tarde, a nossa irmã mais velha se casou e mudou-se para outra cidade. Ao final das tardes, a minha mãe colocava uma banqueta junto a janela de seu quarto e ficava olhando para rua, para a pracinha do hospital. Eu chegava do trabalho e percebia as lágrimas escorrendo por seu rosto, apenas ficava por perto, na verdade não sabia o que dizer para uma mãe que perdera os pais aos doze anos e em seu íntimo estaria tendo outra perda. Nunca lidei bem com a afetividade, a saudade, as emoções; então apenas punha a mão no ombro dela e puxava a cabeça dela p o meu peito em mudo silêncio silencioso. Sabia que ia passar porque ela era muito mais forte do que eu. Até hoje tenho muita dificuldade em lidar com a saudade. Portanto, confesso-me um saudosista.