Thursday, April 04, 2024

 馃槑 "Na longinqua quarta-feira santa do ano de 1969, o jornalista carioca Z贸zimo Barrozo do Amaral foi preso e levado para o Batalh茫o da Pol铆cia do Ex茅rcito, na Tijuca.


No segundo dia em que estava no local, sua esposa, Marcia Barrozo do Amaral, conseguiu visita-lo e levou uma cesta da Lidador, fina loja de importados. A cestinha estava repleta de queijos camembert, brie, roquefort e outras estrelas da fromagerie francesa. 


Z贸zimo, morto de vergonha com a ostenta莽茫o em pleno territ贸rio dos que brigavam pela ascens茫o do proletariado faminto, colocou as iguarias no mes茫o socialista. 


Depois, cochichando, deu um toque em Marcia: "da pr贸xima vez traz catupiry."


Dois dias depois daquele banquete l谩 estava novamente M谩rcia com outra cestinha de delicadezas. Dessa vez elas falavam o portugu锚s mais carioca poss铆vel. Nada de importados. Tinha catupiry, queijo minas e mortadela. Tudo gostoso, e agora politicamente compat铆vel com o cen谩rio espartano do pres铆dio. A turma comeu, agradeceu e foi dormir.


Bezze, "chefe" dos presos, um dos organizadores da c茅lebre Passeata dos Cem Mil pela Avenida Rio Branco e membro do Centro Acad锚mico C芒ndido Oliveira da Faculdade de Direito da UFRJ, percebeu a mudan莽a de sotaque no card谩pio.


No dia seguinte, chamou Z贸zimo no canto: "olha aqui, meu prezado colunista, n贸s estamos presos, jogados neste fim de mundo, mas nem por isso perdemos a nossa dignidade, compreendeu?"


Z贸zimo ficou paralisado. "O que houve? O que foi que eu fiz?"


Bezze explicou: "da primeira vez a sua mulher trouxe camembert, brie, um banquete delicioso. Ontem foi catupiry. Antes que a coisa chegue ao Polenguinho, eu quero te dizer o seguinte: s贸 queijo franc锚s! Do bom! N贸s somos socialistas, mas gostamos 茅 de queijo franc锚s, morou?!"


Passados 47 anos desse epis贸dio, nada mudou.


 A esquerda brasileira continua "caviar". 


E hip贸crita.


PS:  O epis贸dio 茅 ver铆dico e consta da biografia de Z贸zimo Barrozo do Amaral. 

Muito boa, por sinal!"