Thursday, June 09, 2016

CASOS, CAUSOS E ACASOS


A RAPOSA E AS UVAS -  O VIAGRA E A SOVINICE


Uma Raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas ramas de uma viçosa videira, alguns cachos de exuberantes uvas negras, e o mais importante, maduras.
Não pensou duas vezes, depois de certificar-se que o caminho estava livre de intrusos, resolveu colher o seu alimento.
Usou de todos os seus dotes, conhecimentos e artifícios para apanhá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou cansando-se em vão, e nada conseguiu.
Desolada, cansada, faminta, frustrada com o insucesso de sua empreitada, suspirando, encolheu de ombros e deu-se por vencida.
Deu meia volta e foi-se embora, desapontada foi dizendo:
“As uvas afinal estão verdes, não me servem…”
Quando já estava indo, um pouco mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão… Voltou correndo pensando ser as uvas.
Mas quando chegou lá, para sua decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. A raposa, decepcionada, virou as costas e foi-se embora de novo. ( Fábula de Esopo )

Quando leio esta fábula lembro-me do Sô João, dionisiano da gema, que conheci em Belo Horizonte como motorista numa firma de construção que trabalhei em meados dos anos 60, meu primeiro emprego com carteira assinada. Ele era alto, cabelos semi-grisalhos, porte atlético, gostava de um óculos escuro (puxado à tonalidade verde), muito educado, detalhista, minucioso em sua fala, espirituoso, mas um papo agradável sempre cobiçado pelas mulheres, segundo as brincadeiras que faziam com ele no escritório, assim como também taxavam-no "mão de vaca"; ou seja, pão duro.


Anos depois, encontro-me com ele, saindo de uma farmácia no Prata, já aposentado, viúvo, havia retornado a Dionísio, onde agora morava e saboreava a tranquilidade da vida do interior.


Cumprimentamo-nos saudosos daquele tempo em BH, e aí brinquei com ele:


__ E aí Sô João, namorando muito?


E ele:


__Nada Sô, tô velho!


Brinquei:


__Uai Sô João, agora tem o tal do viagra.


Ele sorriu e argumentou:


__É,  mas é muito caro Petrônio, olhei na farmácia e achei muito caro.


E eu :


__Mas, e aí Sô João?


Olha, disse-me ele:


__Pesquisei o preço, pensei, saí do lado de fora da farmácia, encostei nesta placa de trânsito aqui do passeio e concluí:


'Bobagem já paquerei e namorei  demais nesta vida - deixa isto pra lá"! Bobagem comprar isso.'




Não pude deixar de rir, ele continuava pão duro mesmo, só que desta vez Ele completou :


_ O que eu não posso ter . . . eu estrago !