Thursday, October 04, 2018

NA LAVOURA DESSA VIDA


Na lavoura dessa vida, 
desde cedo pelejei, 
recordo cada semente, 
que na terra sepultei.

E tive que aprender,
que eu só podia colher, 
aquilo que plantei.

Aprendi que muito cedo,
que o cabra já é testado,
pois sempre tem dois caminhos,
frente a frente, lado a lado.

E a gente tem que escolher,
a estrada percorrer,
e o caminho a ser trilhado.

Não sou culto,
nem letrado,
vermelho falo vremeio
Caminho de pés no chão,
 e não acho isso feio.

Feio é quem não aprendeu
a cuidar do que é seu
pra cobiçar o alheio.

Eu já vi muita família passando por precisão,
cinco, sete, dez filhos numa seca no sertão,
no meio da desigualdade,
vencendo a dificuldade,
e nenhum vira ladrão.


Todo dia eu peço a Deus,
saúde para trabalhar,
que me dê sabedoria e coragem pra lutar,
e que eu perceba sim, que só vem até mim,
aquilo que eu buscar.

Que eu não sinta inveja da riqueza de ninguém,
e se um dia eu enricar, 
que eu não esqueça também,
 que granfino ou da ralé,
a gente é o que é,
e não aquilo que têm.

Aquilo que tem valor,
dinheiro nenhum vai comprar.
Sentimentos,
Atitudes,
histórias para contar,
todo o resto é passageiro,
e no dia derradeiro,
ninguém consegue levar.

Será mesmo que compensa ter barco,
moto,  carrão,
ter conforto e segurança morando numa mansão?
Mas quando olhar para o espelho,
 dá de cara com um  ladrão?

E olhando pro espelho,
refletir na consciência,
é que a gente descobre sem precisar de ciência,
com toda simplicidade,
que caráter e honestidade, 
vem de dentro da essência, 
e é justo essa essência, 
 que mostra nossa beleza.

Seja o cabra rico ou pobre,
plebeu ou da realeza,
ter na conta honestidade,
 é nossa maior riqueza.

Bráulio Bessa