Thursday, October 18, 2018

OS BUGRES

Esta zona, como as diversas outras do país, era devastada pelos indígenas, sendo a bacia do Rio Dôce, frequentada pelos botocudos que atacavam os povoados e as fazendas, roubando e trucidando os civilizados.

Em um sábado do mês de junho de 1789,colhiam feijão os filhos e escravos da fazenda, até hoje conhecida, por "Conceição".

Ás 14 horas, aqueles deixaram o serviço regressando à fazenda para se barbear e se preparar para a missa no dia seguinte que se celebrava na capela do curato de São Domingos, ficando um deles, tomando conta dos escravos.

Em certa hora os escravos advertiram ao moço de que os matos das imediações estavam se movendo (Era a maneira que usavam os selvagens para se disfarçarem e não serem percebidos, trazendo unidos ao corpo ramos de árvores).O moço não deu a devida importância.

Quando menos se esperava, foi o pessoal atacado pelos bárbaros, fazendo grande carnificina. Anoiteceu. O fazendeiro verificando que nenhum dos trabalhadores havia chegado à fazenda, convenceu-se de que algo de anormal havia acontecido. Reunido o pessoal que havia na fazenda, munido de candeia de azeite, rezando o terço, dirigiu-se ao feijoal com os que o acompanhavam. Foi grande a surpresa quando chegou ao local, deparando com o cadáver do filho e dos escravos todos mutilados pelos bugres que davam sinistras risadas nos matos adjacentes, fazendo apupos.

Dos operários só havia escapado ao morticínio um dos escravos que escondido em uma bandeira de feijão não foi presenciado pelos selvagens.

Tantas foram as vítimas que foram necessários carros de bois para conduzir seus cadáveres ao cemitério.

Havia no Dionísio, uma senhora, já bastante idosa e moradora nos "Pereiras" , que acudia pelo nome de "Felicita", que nos contou o seguinte fato : 

Em certa ocasião em que se achava só em casa foi sua habitação atacada por bugres. Na emergência, lembrou-se de um polvarinho quase cheio de pólvora. Tomou-o, fez um rastilho e atirou fogo. Com a explosão, os bugres amedrontados se afastaram, podendo ela fugir pelos fundos da casa, galgar o caminho da fazenda das Laranjeiras, que distava cerca de 6 quilômetros. Em certo ponto, viu um boi que vinha ao seu encontro, correndo, seguido por um selvagem que o flechava. Teve tempo de entrar na mata e galgar o ribeirão que vinha da referida fazenda. Acompanhou-o rompendo mato até chegar ao seu destino, toda maltrapilha feridas pelas unhas de gato e navalhas de macaco, permanecendo na fazenda até oportuna ocasião de regressar à sua casa.

Como se vê, diversas foram as tropelias, praticadas pelos aborígenes nesta zona. Dentre as muitas vamos citar o que diz Guido Tomaz de Marliere, encarregado da catequese dos índios nesta zona.

Os bugres odiavam os portugueses invasores de seu território e punham em prática contra eles a pena de Talião.
Consta que em certa ocasião uma patrulha da Quarta Divisão do Rio Doce, matou dois botocudos e levou suas respectivas cabeças em triunfo ao povoado.

Em represália, os indios, furiosos, dirigiram-se a este município, (São Domingos do Prata), mataram quatorze portugueses, cujas cabeças deceparam, levando-as, como troféus, às suas aldeias.

CONCLUSÃO

Realizaram-se, com deslumbrantes solenidades, nos dias 13 e 14 de agosto de 1944, festejos religiosos e cívicos, comemorando o primeiro centenário da elevação à paróquia a aplicação de São Domingos.

As solenidades tiveram a presença além de elevada massa popular, de quase todos os sacerdotes que paroquiaram a freguesia; da maior parte dos filhos do município residentes em outras zonas, bem como de grande número de pessoas de destaque dos municípios vizinhos e de outros lugares.

Além dos muitos festejos inaugurou-se, no adro da Matriz, o marco, comemorativo do primeiro centenário.

FIM 

Fonte : História do Município de São Domingos do Prata
Autor : Luiz Prisco de Braga.

Buscamos transcrever literalmente como consta do livro mencionado.