Em oito de junho de 1958, conta-me o grande goleiro do Nacional Breno Guimarães, com a concordância do Silvestre de Dona Lalá, que o Nacional Esporte Clube foi jogar uma partida de futebol, em Marliéria, contra o time local.
Era Dia de Corpus Christi.
O Nacional era um time recém fundado, com jogadores muito jovens à época, como Geraldinho de Euclides, Marcinho de Sô Inhô Gomes, Zé Márcio Monteiro, Sô Dito, Manuelito, Luis Pingota, Jesus Baianinho, Guta de Zé Mário, Bereco do Gandra e outros. Partida iniciada, jogo duro, sol escaldante, o time de Marliéria comandava as ações, bem entrosado e jogava em casa. Além disso, contava com um jogador especial, o pároco local, jovem à época e bom de bola, que jogava com a batina enfiada no calção. Os jogadores do Nacional respeitavam muito o Padre, e com isso ele estava jogando livre, bem a vontade, armando muito bem o meio de campo do Clube de Marliéria.
Pois bem, o treinador do Nacional era o saudoso Agostinho Santiago, que a pedido do meu pai, Nô Barbeiro ( então Presidente do Nacional ) colocou o Silvestre para jogar o segundo tempo. Antes dele entrar, meu pai o chamou e disse assim : " marque o padre, senão vamos perder o jogo". Não deu outra, numa jogada mais forte, porém não desleal, o padre saiu de campo, já um pouco cansado, pois jogar de batina é complicado, o time do Nacional tinha muitos jovens; e não retornou.
O jogo terminou 2 a 1 para o Nacional, e à noite quando o ônibus do Prata saia da cidade, a procissão de
Corpus Christi era comandada por um padre mancando um pouco, possivelmente em razão do jogo muito disputado.
Anos depois, este padre veio ao Prata, onde tinha amigos e parentes e brincou com o meu pai : " É Nô você mandou me tirar do jogo hein ?. . . para seu time não perder né ?
E meu pai ria a vontade com essa história.