Friday, June 01, 2012

FAZENDA DO PAIVA

A FAZENDA DO PAIVA VISTA PELO JORNAL A ‘VOZ DO PRATA’, DE 20 DE MARÇO DE 1932. (ortografia no original).


“IMPRESSÃO DE UMA VISITA.
A fazenda do Paiva, situada á margem esquerda do ribeirão que lhe dá o nome, um dos affluentes do Prata, pertencente ao sr. Manoel Olympio de Magalhães, é um do estabelecimentos agrícolas que merece ser visitado pelos que se interessam por este ramo de actividade humana, qual a do amanho das terras, factor primordial da nossa prosperidade economica e financeira.
Ali se comprehende quanto vale o methodo de trabalho empregado pelo agricultor activo e intelligente. Extensos brejaes outrora povoados de cardomas, terrenos enxutos, porem, agrestes onde agitam arbustos rachiticos e enfezados devido ao esgotamento do solo, se acham hoje transformados em verdejantes inhamaes, florescente cafesaes e em diversos outras plantas que constituem a conveniente cultura mixta,
Há dias tivemos a oppotunidade de visitar aquela bem dirigida propriedade. O sr. Magalhães, com a gentileza que lhe é peculiar, percorreu comnosco as dependências da fazenda, mostrando-nos os machinismos, que são movidos a electricidade, produzida em usinas próprias, e por força hydraulica, como moinho para fubá, engenho para canna, seccadouro, machina para café, torno mechanico, forja e demais apparelhos necessários para os consertos immediatos ou reparos de qualquer machina, tudo montado pelo mechanico nato, sr. José Guedes, filho do sr. Magalhães, residente na fazenda. 
Chamou nos attenção o seccadouro, apparelho que tem por fim receber o café maduro e dentro de poucas horas, depois de secco, transportal-o por meio de elevadores á machina de beneficiar, donde sae já separados os typos e ensaccados para a entrega ao mercado,
As palhas do café são levadas a um estrado apropriado para os vehiculos as receberem e transportal-as á lavoura, como adubos. Em todo o processo pouco trabalho manual se emprega, poupando assim tempo e operários.
Tem a fazenda excellente terras de cultura e pastos cuidadosamente tratados o sufficiente para o rebano do custeio. A creação de suínos é feita em pocilgas, construidas de accordo com a technica moderna, cimentadas, com banheiras e dormitórios, cujas camas são renovadas semanalmente, como nos disse o sr. Magalhães.
Com esse capricho e cuidado que tem com a seleção de raças, tem obtido aquelle sr. resultado bastante compensador com a creação. Prefere Duroc-Jersey e nos mostrou um lindo reproductor daquella raça, puro sangue cuja prole é de crescimento rápido e de robutez espantosa.
Percorremos o pomar e presenciamos os bens feitos enxertos e grande quantidade de arvores fructiferas, na sua maior parte com fructos pendentes, promettendo abundante colheita. Mostrou-nos também varias qualidades de cannas que não se acham contaminadas de mosaico, para se fazer a escolha nas futuras plantações.
Depois de jantar naquela confortável vivenda, regressamos ao nosso lar, pela bem cuidada estrada de automoveis feita pelo mesmo proprietário, ficando nos do passeio agradável recordação.
Felizmente temos agricultores como o Cel. Rolla e alguns outros, que também já evoluíram muito não só quanto a agricultura como na pecuária, empregando para tal machinas agrícolas e fazendo selecção de seus rebanhos, porem, na sua maioria, os novos agricultores nada mais adiantaram alem do que faziam, há cerca de 60 annos, os nossos avoengos”.
OBS. : O proprietário, redator e gerente do jornal á época era o Sr. Francisco Braga, daí, embora o artigo não seja assinado, supomos que o mesmo seja de sua autoria.
Não sei a data de origem da fazenda Paiva. Contudo ela foi de propriedade de Manoel Martins Vieira (primeiro Intendente, cargo hoje equivalente a Prefeito, do Prata). Ele era casado com Albina Marques Vieira e pais de minha avó paterna Nicolina Martins Vieira (dona Cota), que nasceu e foi criada na fazenda do Paiva. 
O Cel. Manoel Olympio de Magalhães foi casado em segundas núpcias com Rita Martins Vieira, irmã de Nicolina Martins Vieira.