Wednesday, November 08, 2017

PAIS E FILHOS ( II )

A palavra "bellum" (do latim) significa "guerra". Dela surgiram em português as palavras: bélico, belicosidade e beligerante, todas com sentido de conflito (ou seja, guerra).

Introduzido este termo, vou seguindo o meu caminho, ciente de que o pouco que construí não é passível de ser roubado, o medo de perder é frágil. Nada tenho a trocar, pois vivo para aprender. Vender, muito menos, nada me pertence, tudo me foi emprestado. Ando viajando com a mente, acompanhado de boas lembranças. Conhecer gente é o meu lema. Desejo deixar um pouco de generosidade e nada de comportamento belicoso, sou da paz.

Feitas estas considerações lembrei-me de ter lido a respeito de Santa Mônica (tida como padroeira dos pais e mãe de Santo Agostinho) que nos provou com sua vida que realmente tudo pode ser mudado pela força da oração pois o marido era violento, rude e pagão. Como se não bastasse o filho mais velho, Agostinho, era dado a vícios, orgias e desrespeito para com o próximo, embora muito inteligente e com uma inquieta busca pela verdade, envolvendo-se sempre em muitas mentiras e meias verdades. A mãe Mônica nunca desistiu do filho e por Ele orou por vinte anos, o que resultou em sua conversão, tornando-se Bispo e Doutor da Igreja.

De certa forma este fato guarda certa relação com o hoje, pois a opção pela oração é pouco praticada neste mundo corrido e competitivo. A tenacidade da busca e o silêncio são bons companheiros. Há que se considerar que quando nos tornamos pais não recebemos uma “bula” de como fazer o melhor quanto a educação dos filhos, nem estudar em Harvard é garantia de acerto. Não há dúvida de que cada pessoa é única, e podemos até achar que não estamos fazendo o melhor, e pode  ser verdade. Recriminar sempre não é a solução, silenciar-se pode ser importante, assim como elogiar quando o filho merecer, e agradecer a Deus.

Sabemos que é impossível controlar tudo a nossa volta, mesmo porque respeitar o outro é necessário.

Tentar impor ao outro o pensamento da gente é uma ação constante do ser humano, por isso discussões sobre religião, política e futebol na maioria das vezes são inócuas. Se alguém nos machuca, dê-se um tempo e busque perdoar. Partir para o confronto é buscar “guerra”, aliás, já temos guerras demais, todas fruto da ganância, da ambição e do poder. Terrorismo não combina com religiosidade.


Feitas estas considerações lembramos-nos de alguns pensadores e filósofos como o suíço Jean Jacques Rousseau, Locke e tantos outros com teorias como: “o homem é bom, a sociedade é que o corrompe”, ou “a tendência do homem é para o mal, Ele está sempre tentando subjugar o outro, como os animais na cadeia alimentar pela sua sobrevivência ".


Outro fato interessante é que a gente quer sempre estar certo, ter razão, daí a nossa dificuldade em ouvir e analisar outras proposições, evitando-se valer da opressão.

O ser humano é passível de erro, onde Ele estiver estará também a possibilidade do errar. A imperfeição é característica humana, portanto procurar o(s) culpado(s) de um erro não resolve. O que é importante é o que fazemos com o que nos acontece, com o que vem para nós. O passado não pode ser mudado, “seria serrar serragem”, o que importa é o que é  ideal para o  presente, tendo  em vista  um futuro melhor. Nosso comportamento tem dupla capacidade, podemos contaminar o nosso próximo para o mal, mas podemos fazê-lo também para o bem.

Por fim, se os problemas pudessem ser resolvidos pela violência, gritos e chutes, com licença da expressão o ideal seria aplicar “a filosofia da porrada”, o grande lutador Maguila poderia ter sido o Presidente da República ou o Anderson Silva, lutador de UFC. Só que hoje você joga o seu adversário ao chão, encosta-o às cordas, vence-o, mas amanhã aparecerá outro para lutar com você, , o que obrigará a usar a violência novamente.

Concluindo, o que resolve é a sabedoria, a educação e o diálogo. Aproveito para contar um fato que ocorreu comigo vindo de Divinópolis, num fusca mais velho quando fui interceptado por um policial fiscalizador, que após verificar tudo; deu-me o sinal de que estava tudo bem, porém repentinamente voltou-se e disse-me:

 -“Esqueci-me de olhar o extintor de incêndio!”. 

Verificado,  foi constatado que estava vencido. 

Então, disse-me ele:

- "E agora? "

Respondi-lhe:

-" Por favor, faça a multa, estou errado e devo ser punido".

Ele então,  um pouco surpreso,  falou-me assim:

- " Interessante, esperava que você pronunciasse a famosa frase: “Quebra um galho aí”.

Disse-lhe:

 - " De jeito algum, contra  fato não há argumentos ".

Neste momento ele passou os olhos pelo banco traseiro do carro e viu códigos, livros e pastas e perguntou-me de onde eu estava vindo.

- Respondi-lhe que vinha de Divinópolis, onde estudava Direito.

Ele então acrescentou:

- "Então você tem conhecimento das leis? "

 Respondi:

- "Sim, por isso admiti meu erro imediatamente e não posso compactuar com meus próprios erros ".

Então Ele disse-me:

- "Por seu modo de agir corretamente e de forma
 educada, pode ir e reabasteça o extintor logo que chegar em sua Cidade."

- "Obrigado", respondi-lhe.

Conclusão: Temos que ser humildes e admitir nossos equívocos e não tentar subornar o outro,  usando desculpas inaceitáveis.


***


Agora um pouco de humor: “Seria como tentar explicar o batom na cueca, os 7 a 1 para Alemanha contra o Brasil na copa de 2014 ou os 51 milhões em dinheiro encontrados num apartamento em Salvador – BA.