Thursday, June 20, 2024

A GENTE VAI EMBORA

 A gente vai embora e o mundo continua normal, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença.

A gente vai embora, e o cachorro é doado e se apega aos novos donos.
A gente vai embora sem sequer guardar as comidas na geladeira, a roupa fica no varal.
A gente vai embora e fica tudo aí, os planos a longo prazo, as tarefas de casa, as dívidas.
A gente vai embora e as brigas, a impaciência, serviram para nos afastar de quem nos trazia felicidade.
A gente vai embora, e as coisas que não emprestávamos são doadas e algumas são jogadas fora.
A gente vai embora, e se soubéssemos, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.
A gente vai embora o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa.
O tempo voa. A partir do momento que a gente nasce, começa a viagem veloz com destino ao fim, sem reparar que cada dia a mais é um dia a menos.
A gente vai embora, pois é. É bem assim: Piscou, a vida se vai.
*Adaptação ao texto de Sergio Cursino