Monday, August 11, 2025

MEUS PENSAMENTOS

 Há um medo que poucos se atrevem a falar, mas que todos nós carregamos dentro de nós. Não tem nada a ver com rugas, bengala ou solidão. É esse outro medo: o de envelhecer em um corpo que já não responde como antes. Tememos não conseguir levantar-nos sem ajuda, ir à casa de banho sozinhos, depender de outros. Às vezes, em silêncio, reflito sobre o que acontecerá se um dia eu não conseguir sozinho. Se a minha mão treme, os pincéis escapam, a memória prega-me más passadas e esqueço-me do café fervendo, dos nomes ou até mesmo quem sou. Não desejo que me olhem com pena, mas sim com respeito. Mesmo que o corpo se apague lentamente, a alma permanece viva e clara. Ser homem, corajoso e digno não desaparece só porque o corpo deixa de obedecer. No entanto, dói ver os idosos serem tratados como atrapalhados ou como crianças desajeitadas. Isso também é um medo: não só depender, mas ser visto como um fardo. Por isso, enquanto eu posso, eu me levanto, preparo meu café, seco minhas lágrimas, dou um abraço e repito a mim mesmo que ainda sou valioso. Se um dia eu não conseguir fazer sozinho, quero que quem cuida de mim saiba. Não procuro compaixão, mas amor sem dor, com respeito. E se chegar a hora de depender de alguém, que segure minha mão sem me fazer sentir que valho menos. Porque velho sim, mas vazio ou incapaz, nunca.