Thursday, November 01, 2012

CASOS & CAUSOS

A Saudade Pede Passagem

    Irani era minha colega de sala, vizinha, penso que até confidente, se é que aos sete anos a gente faz confidências.
    Estudávamos juntos, brincávamos pois o quintal da casa dela se comunicava com o nosso.
    Um belo dia, bem, não sei se assim tão belo, resolvi ir estudar em Itaúna, onde já se encontrava o meu irmão mais velho, o Deco, por quem sempre nutri uma imensa admiração e confiança, que ultrapassava a fraternidade. Ele me fazia sentir seguro e até hoje permanece  em mim este  espírito de tê-lo como exemplo, líder, ou seja um  porto seguro. Que bom ter este sentimento. Acho que sou um privilegiado neste sentido.
    Claro que aos dez anos, quando me despedi de meus pais chorei a valer. Itaúna naquela época nem era ligada por asfalto a Belo Horizonte, e o Prata a Monlevade era poeira ou barro via Morro Pião. Foram as primeiras perdas, ficavam para trás as tradicionais peladas de toda tarde com Geraldo Condessa, Geraldo Gercino, Bruno e Bebeto de Nonô Guimarães, Aguinaldo de Camilo, Robledo, Joaquim Afonso de Quito, Quica, Pupuzinho e outros que daqui já se mudaram há muitos anos. O cinema do César Mendes, aos domingos,  com os filmes  do Tarzan, Zorro, Durango Kid, Mazzaropi. Os jogos do Atlético, no Lava Pés,  onde atuavam meus tios Jadir, Jarbas e Jair. A turma nova do Nacional iniciando m novo time com Manuelito, Marcinho, Breno, Luis Pingota, Geraldinho de Euclides, Zé Marcio, Sô Dito, Dito da Farmácia, Peixinho e outros jovens.
    Bem, isto ficou pra trás, mas não consegui me despedir da Irani Vitorino. Tive medo de chorar e aí seria uma "vergonha". Homem chorar perto de mulher!....Vexame.
    Três anos se passaram, voltei ao Prata e ainda concluí o antigo ginasial junto com a Irani, Beatriz Quintão, Robledo, Aroldo de Tó, Ronio Pintinho, Palmyos meu primo, Terezinha Sales, Lúcia Lana, Derly Perfil, Lira Fonseca, Nanhá de Sô Lelé, Nivaldo Mosqueira e outros. Fui estudar Contabilidade na Escola Municipal e  a Irani foi fazer o curso de Magistério na Escola Normal Marques Afonso. Pouco depois ela mudou-se do Prata, creio que em 1967. A pratiana Irani (como ela se considera) nasceu em Monlevade, os pais são dionisianos e ela deve ter morado aqui uns 14 anos.
    Pois bem, há pouco tempo achamo-nos no facebook, ela havia se tornado Irani Castro (hoje também paulista ).
    Vou ser sincero, tive uma alegria inexplicável, afinal, havia pelo menos quarenta e cinco  anos que não sabíamos um do outro.
    Pois bem,  recentemente examinando  a vida pela " minha janela"  pra fora e pra dentro,  percebi a riqueza da alma e decidi que não viverei mais sem o ar livre das janelas, ainda que por detrás da leve cortina,  quero   relembrar e ver a passagem da carruagem que transporta a amizade sincera.
    Para você Irani ( mãe, vovó e esposa do Jorge),  envio-lhe a frase que você no silêncio parece me dizer:
    "Sabendo levar, a vida pode ser uma festa maravilhosa".