Monday, October 22, 2012

CASOS & CAUSOS

Lulismo Infantil

Por volta de 1958, menino ainda, doido pra ganhar uns trocados para comprar balas e picolés no Bar Semião, além de poder ir ao Cinema do César Mendes aos domingos para assistir "Tarzan, o Rei das Selvas", ou aos faroestes do Durango Kid, ficava na barbearia do meu pai com a minha caixa de engraxate.


    Um final de  tarde a  UDN do Prata confabulava ao fundo da barbearia. Conversavam Zinho Drumond, Nonô Juca Martins, meu pai e Nonô Lelé. Era ano de eleições municipais. E eu estava sentado no degrau da porta, quando eles deram por fé que eu poderia ter ouvido a conversa deles sobre a política daquele ano, então  pararam de falar. O vereador  Nonô Lelé falou assim:

    _"Oh gente nós estamos conversando aqui, mas tem menino aí e pode tá ouvindo!..."

    Referia-se a mim, certamente  um pouco preocupado, porque eu poderia ter ouvido algo e concluiu:

    _"Este menino não é bobo não, pode falar qualquer coisa depois  !..."

    E eu ouvindo aquilo, passei a mão na minha caixa de engraxate e temeroso falei:

    *"Pai, eu não ouvi nada, não sei de nada e nem tava aqui!..."

    E subi a escada para casa com mil no ponteiro.