Monday, July 20, 2015

CASOS, CAUSOS E ACASOS

O DELEGADO E O PADRE

Maio de 2006, exatamente no dia 30, a minha filha estava fazendo 18 anos. Ela estava morando em Ipatinga, onde estudava Farmácia. Embora fosse uma quinta-feira, sai do Prata e fui a Ipatinga para almoçar com Ela e comemorar a maioridade. Após o almoço, lá pelas 13h, entrei no carro e rumei a para BR-381, a caminho do Prata. Pela minha cabeça passava um filme, não gostava de ficar longe de meus familiares, muito menos da minha filha, mas como “navegar é preciso”, ia administrando a vida sem Ela.

            Na Rodovia 381, exatamente na entrada para os Municípios de Jaguaraçu e Marliéria, no ponto de ônibus uma pessoa pediu-me carona, instintivamente parei e perguntei para onde Ela ia?

- Para João Monlevade, respondeu-me o caroneiro.

-“Posso levá-lo até Nova Era, pois vou para São Domingos do Prata.”

 O caroneiro entrou e acomodou-se, foi então que percebi que tratava-se de um homem mais jovem do que pensara, e a preocupação com os assaltos e a violência cresceram dentro de mim, já um tanto arrependido do ato de ter parado.

            Durante a viagem transcorreu o papo normal de perguntas preliminares e eu demasiadamente preocupado, pois nunca tive arma e não havia dado ou tomado um “tapa” em toda minha vida. O medo aumentava a cada minuto.

            Foi então que o caroneiro perguntou-me :
- O que o Senhor faz? 

E eu querendo impor um certo respeito, respondi:


-“ Sou Delegado de Policia lá em São Domingos do Prata”.
            
E Ele, examinando-me calmamente, falou:


-“Mas o Senhor parece mais com um Padre.”