Monday, August 27, 2012

CASOS & CAUSOS

A RESSURREIÇÃO DE VALINHO

A barbearia do meu pai era local para tudo política, futebol, além de um baralho ou jogo de damas para amenizar a espera pelo "desfazer" da barba ou do cabelo.
O Valinho pai do Zé Guido e do Nica, à  época vendia loteria (não havia casa lotérica)  e ficava por ali na Praça e Hospital. Após o almoço costumava recostar na cadeira de barbeiro de meu pai e tirar um cochilo. Meu tio Jair Pinguela, um gozador inveterado, resolveu fazer uma brincadeira com o Valinho. Auxiliado por um enfermeiro que havia no Hospital, chamado Domingos, pegou um pano branco (aquele que o barbeiro póe no cliente para cortar o cabelo) e cobriu o Valinho deitado na cadeira; nos braços da cadeira puseram uma vela acesa de cada lado, a nós que estávamos na barbearia pediram silêncio absoluto, encostaram as duas portas para o ambiente ficar escuro e iniciaram a oração da encomendação:

"Recebei Senhor em tua morada no Céu, a alma deste vosso servo que partiu desta vida e segue ao encontro de Ti !..."

O Valinho acordou e deu um pulo de susto; e o Domingos que era muito festivo gritou: "Alivanta Valinho, eu te ordeno, a tua fé te salvou !..."