Das muitas coisas no meu tempo de criança, guardo vivo na
lembrança, o aconchego do meu lar.
No fim da tarde, quando tudo se aquietava, a família se
ajuntava, lá no alpendre a conversar.
Meus pais não tinham nem escola e nem dinheiro, todo dia o
ano inteiro, trabalhavam sem parar.
Faltava tudo, mas a gente nem ligava, o importante não
faltava, seu sorriso e seu olhar...
Eu tantas vezes vi meu pai chegar cansado, mas aquilo era
sagrado um por um ele afagava e perguntara quem fizera estrepolia e mamãe nos
defendia tudo aos poucos se ajeitava, o sol se punha a viola alguém trazia,
todo mundo então queria ver papai cantar com a gente.
Desafinado, meio rouco e voz cansada, ele cantava mil
toadas, seu olhar no sol poente.
Correu o tempo e hoje eu vejo a maravilha de se ter uma
família, quando tantos não a têm.
Agora falam do desquite ou do divórcio o amor virou
consórcio, compromisso de ninguém.
Há tantos filhos que bem mais do que um palácio, gostariam
de um abraço e de um carinho de seus pais.
Se os pais se amassem o divórcio não viria.
Chamam a isso de UTOPIA, e eu a isso chamo PAZ!!!