Friday, December 05, 2014

UTOPIA



Das muitas coisas no meu tempo de criança, guardo vivo na lembrança, o aconchego do meu lar.
No fim da tarde, quando tudo se aquietava, a família se ajuntava, lá no alpendre a conversar.
Meus pais não tinham nem escola e nem dinheiro, todo dia o ano inteiro, trabalhavam sem parar.
Faltava tudo, mas a gente nem ligava, o importante não faltava, seu sorriso e seu olhar...
Eu tantas vezes vi meu pai chegar cansado, mas aquilo era sagrado um por um ele afagava e perguntara quem fizera estrepolia e mamãe nos defendia tudo aos poucos se ajeitava, o sol se punha a viola alguém trazia, todo mundo então queria ver papai cantar com a gente.
Desafinado, meio rouco e voz cansada, ele cantava mil toadas, seu olhar no sol poente.
Correu o tempo e hoje eu vejo a maravilha de se ter uma família, quando tantos não a têm.
Agora falam do desquite ou do divórcio o amor virou consórcio, compromisso de ninguém.
Há tantos filhos que bem mais do que um palácio, gostariam de um abraço e de um carinho de seus pais.
Se os pais se amassem o divórcio não viria.
Chamam a isso de UTOPIA, e eu a isso chamo PAZ!!!