Monday, June 01, 2015

A BELEZA DO CORAÇÃO



Um dia, numa praça, um jovem exibia seu coração, o mais bonito daquela cidade.



Uma grande multidão se aproximou e admirou aquele coração, pois era perfeito. Não havia nele um único sinal que lhe prejudicasse a beleza. Todos reconheceram que realmente era o coração mais bonito que já haviam visto.



            O jovem estava vaidoso e o ostentava com crescente orgulho.



            De repente um velho homem, montado num cavalo, surgiu do meio da multidão, desceu ao chão e bradou:



            _ “Seu coração nem de longe é tão bonito quanto o meu!”



            O jovem e a multidão olharam para o coração do velho homem: Batia fortemente, mas era cheio de cicatrizes. Havia lugares onde faltavam pedaços e também partes com enxerto onde não se encaixavam bem, que tinha as laterais ressaltadas. A multidão se espantou:



            _ ”Como pode ele dizer que seu coração é mais bonito?”



            O jovem olhou para o coração do velho homem e disse, rindo:



            _ “O senhor deve estar brincando! Compare seu coração com o meu e veja. O meu é perfeito e o seu é uma confusão de cicatrizes e emendas!”



            _ “Sim”, disse o velho homem.



            _ “O seu tem aparência perfeita mas eu nunca trocaria o meu por ele. As marcas representam pessoas a quem dei o meu amor. Eu arranquei pedaços do meu coração e dei a elas e, muitas vezes, elas me deram pedaços de seus corações para colocar nos espaços deixados; como esses pedaços não eram de tamanho exato, hoje parecem enxertos feios e grosseiros, mas eu os conservo como lembranças de amor que dividimos.



            Algumas vezes eu dei pedaços do meu coração e as pessoas que os receberam não me deram em retorno pedaços de seus corações: esses são os buracos que você vê.



            Dar amor é arriscar.



            Embora esses buracos doam, eles permanecem abertos. Lembrando-me do amor que tenho por aquelas pessoas, e eu tenho esperança de que um dia elas me dêem retorno e preencham os pedaços que ficaram vazios.



            Agora você consegue ver o que é beleza de verdade?”



            O jovem ficou em silêncio, com lágrimas rolando por suas faces. Caminhou em direção do velho homem, olhou para o próprio coração arrancou um pedaço, oferecendo-o com as mãos trêmulas.



            O homem pegou aquele pedaço, colocou no coração e tirando um outro pedaço do seu, colocou-o no espaço deixado no coração do jovem. Coube, mas não perfeitamente, já que havia irregularidades beiradas. O jovem olhou para o seu antes tão perfeito coração.



            Já não tão perfeito depois disso, mas muito mais bonito o que sempre fora, já que o amor do velho homem entrara nele. Diante da multidão que os observava em respeitoso silêncio, eles se abraçaram e saíram andando lado a lado, seguidos pelo cavalo, cujas patas batendo no solo emitiam o som de corações pulsando...



Como é o seu coração???