O Sapato de Izaú
Izaú era um sujeito alegre e divertido. Trabalhador, sitiante, morava em "Gomes do Prata", levantava cedo pra tirar leite e colocar as latas no ponto pro caminhão da cooperativa pegar.
Ele gostava de usar um sapato de marca Verlon que era, parece-me que, um tipo de plástico, um calçado prático, fácil de limpar, pau pra toda obra. Na verdade, na verdade mesmo ele gostava é de andar descalço.
Uma manhã após tirar o leite, ele vai tomar um banho e deixa o par de sapatos "Verlon" pra secar na beira do fogão de lenha, pois havia dado uma "lavada" neles. Um pau de lenha tomba e joga um pé do sapato no fogo que o consome rapidamente. Izaú sai do banho e depara com apenas um pé do sapato, e já tava em cima da hora pra pegar o caminhão de leite pra vir a Cidade, tinha que ir ao Banco, à Prefeitura e outros lugares. Ele não titubeia, calça o pé de sapato que sobrou e improvisa um curativo no outro pé; corre, sobe no caminhão e se manda para a Cidade... problema resolvido.
Na Cidade teve que ficar explicando o machucado no pé, conta uma história pra um, outra pra outro e toca o bonde. Na volta do Banco, onde tirou um dinheiro, entra numa loja e compra um par de sapatos, tira o curativo do pé e já sai de lá calçado com o par novo .
Nunca se viu um machucado sarar tão rápido.
Êta sô, esse Izaú era danado mesmo...
Duvidou? Pergunte a Cida (filha dele), foi ela que me contou.