Tuesday, September 04, 2012

CASOS & CAUSOS

UM ANOITECER NO PRATA


   É fim de tarde, Da. Nilza prepara-se para fazer suas orações. Os meninos passam de bicicleta em direção a Vargem Linda. Constantino está sentado na varanda de sua casa com aquele olhar no horizonte, com a serenidade de quem cumpriu o seu dever. De repente, um leve assovio, é Joaquim Cascalho (menino ainda) descendo para a sua jornada noturna na padaria de Roberto, vem levemente pela Rua Treviso como se já estivesse manuseando a massa do pão.

    Da. Ica na janela cumprimenta, brinca, grita com os meninos: "Olha o carro cambada!..".


    Sô Pelágio e Da. Anita estão descendo, lá vai o maestro ensinar o "do, re, mi, fá..." para a meninada da banda.


    Tia Lilica já vai fechando as janelas e mais  abaixo a mestra Da. Filinha, apoiada na cancela de entrada de sua casa, cumprimenta seus ex-alunos: "bonne nuit".


    Sô Tó já chegou do Goiabal, última acelerada e desliga o motor da camionete.



Sô Lelé já chegando em casa, leva na mão direita o formão chanfrado, 
sua ferramenta da lida diária.


    Sô Nativo Rosa vem pelo passeio devagar, enquanto Joaquim Faustino continua na varanda apreciando a vida.


    Da. Celita chega na janela com um biscoito na mão, ela 
é só alegria, mexe com um, puxa a orelha de outro : "Juízo menino, gosto muito de você ! ".


    Dedé de Paulo  passou em seu jeep verde, parece-me um 51, certamente vindo da fazenda.


    Zé Colodino com um prego no canto da boca, segue martelando a sola do sapato reformado, José Fráguas passa em direção à Rua da Volta, vindo do seu trabalho na Prefeitura.


    Vicente Deró sopra  a última cinza do cigarro, já venceu mais uma peleja em favor de sorriso.


    Jair Perdigão, no alpendre, conversa sobre a situação  política com Vicente Sales.


    Na frente da casa de Diva de Adailton, moças estudantes conversam, riem mais alto como é  comum à juventude.


    Nô Seleiro já pregou o último ilhós na sela que caprichosamente "artesaneia".


    João e Paulo Braga já fecharam as portas das lojas.


   Sô Osvaldo ( do Alfié ) já está  chegando para presidir uma reunião da Câmara Municipal, dedicado como sempre


Sinos repicam na Matriz de São Domingos de Gusmão, são 6 horas da tarde-noite : 


" Obrigado pela esperança que hoje animou os meus passos, 
pela alegria que vi no rosto das crianças; 
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão; 
Obrigado também por isso que me fez sofrer... 
Obrigado porque naquele momento de desânimo me lembrei que tu és meu Pai; 
Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação... 
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe! "


    Zé de Castro e Chiquito ainda trabalham e Sô Rômulo acerta os óculos para entender bem o nome do remédio receitado por Dr. Nilton  (Generoso).


    Esmeraldo já chegou da Jazida e está na Barbearia de meu pai para desfazer a barba com Jadir , enquanto no banco, Lúcio Monteiro joga bisca com Jair Pinguela e reclama "oh ladrão , tá robando".


    Algumas mulheres estão descendo para a Igreja e Zé do Bar fala com Nica para fazer mais churrasquinho, tem ônibus prá passar ainda.


Mauro de Banico saiu mais cedo da Loja de Evandro para ir para aula do Curso de Contabilidade, e Domingos ficou pra ajudar a fechar a loja.


Sô Nonô Guimarães manobra seu automóvel preto ( acho que era da Chevrolet ) em frente à sua casa, mais um dia de trabalho na lida como taxista. 


   Toni Mendes aguarda a chegada do horário de ônibus de Monlevade, tá atrasado... será que garrou no Morro Pião ?...

 enquanto isto, ao som das tacadas na mesa de sinuca,  César conta dinheiro no caixa do Bar.

  Geraldo Lima e Da. Ester arrumam as mesas do restaurante, no Posto Irmãos Fernandes, Zé Tacinho e seu irmão Didi conversam com Paulo Morais,  enquanto o fusca dele é abastecido.


  Jesus Mecânico acabou de passar com João Cinema;  e Urgel, ajudado por Banico,  limpou  o carburador de um carro que deu defeito e parou em frente ao Zé Morais.


Jarbas Barbeiro e Formiga, com as chuteiras nas mãos, estão do vindo do Lava Pés, houve treino do Atlético  para o jogo do próximo domingo com o Belgominas de Monlevade.



    Juquita Valamiel já chegou  da Fazenda do  Bananal". Didi Cunha em seu bar atende Pedro Paulista e  Modestino.


    Zé Morais acende um cigarro e Sô Prudentino passa em direção a sua casa e cumprimenta Luisito que tá chegando do "Retiro (Seara)".


    A escuridão adentra pela Cidade. Cláudio Mendes e Perpétua estão chegando em casa. 


Osvaldo de Zé Pereira passa acelerando o caminhão, enquanto Waldemar Rolla está subindo com a sua rural. A escuridão foi apertando, mas pude ver Nonô  e Teófilo conferenciando, enquanto Quim manobrava seu  caminhão.


    Zé  Márcio montava sua bicicleta, saindo da Cooperativa.


    Sô Filó, na janela como sempre, não pode segurar a "ausência de luz"  que caminhou em direção a Monlevade e desapareceu no nada.