OGÊNIO
O Ogênio (Eugênio) do Gandra, um preto magro, já meio grisalho e que eu sinceramente achava-o " um príncipe africano ", havia nele um que de elegância e nobreza, vinha para a cidade e ficava tomando umas pingas por uns dias. Acabava sentado à porta da barbearia do Nô Barbeiro, onde também trabalhavam os outros irmãos Jair e Jadir. O Ogênio gostava de cantarolar. Se alguém mexia com ele, respondia: " Ora por que meu filho ?", como se fosse o poeta Olavo Bilac dizendo " Ora (direis) ouvir estrelas?". O Jair Pinguela, meu tio, atendia o Ogênio que gostava de passar um talco no pescoço, e talco era o que não faltava na barbearia.
Um dia, meu pai, falou para ele :
" Oh Ogênio a sua mulher veio te buscar (ela chamava-se Maria Paula)".
E ele respondeu : "Alto lá Nô, minha mulher não, minha dona".
E as férias deles se acabavam.