Monday, October 06, 2014

FLORES PERDIDAS



Até para as abelhas os tempos estão difíceis. Com a derrubada das matas, as flores silvestres desapareceram. Elas tiveram que procurar outra matéria-prima para substituir o néctar. E a encontraram nas feiras, nos lugares onde há vendedores de cana, de melado, de doces. Recolhem os restos do açúcar industrializado pelo homem e com ele conseguem continuar produzindo mel. Não tão puro, mas, de qualquer maneira, é o mel que só elas sabem fazer.
Quantas vezes para nós, também, todas as matas estão destruídas, todas as flores perdidas.
Uma decepção, um desgosto, um fracasso, um desgraça, podem nos tornar amargurados. Perdemos nossa flor, nossa fonte de doçura, o que tornava nossa vida feliz, útil, importante, ou apenas agradável.
Nesse momento temos que imitar a disposição das abelhas e usar o que encontramos ao nosso alcance: uma palavra, um livro, uma lembrança, um sorriso, uma prece.
Procurando bem, sempre acharemos um resto de compreensão, uma sombra de carinho.
Uma coisa é certa: sempre encontraremos quem precise de tudo isso ainda muito mais do que nós.
O importante é que continuemos produzindo o nosso “mel” que é mais doce do que as abelhas e que somente nós podemos fabricar, com a ajuda de Deus: a Esperança.
Maria Saldenberg