Friday, October 17, 2014

O MILAGRE



      Uma garotinha esperta de apenas seis anos de idade, ouviu seus pais conversando sobre seu irmãozinho mais novo. Tudo que ela sabia era que o menino estava muito doente e que estavam completamente sem dinheiro.
     Iriam se mudar para um apartamento num subúrbio, no próximo mês, porque seu pai não tinha recurso para pagar as contas do médico e o aluguel do apartamento. Somente uma intervenção cirúrgica muito cara poderia salvar o garoto, e não havia ninguém que pudesse emprestar-lhe dinheiro.
     A menina ouviu seu pai dizer para sua mãe chorosa, com um sussurro desesperado: “somente um milagre poderá salvá-lo”. 
    Ela foi até seu quarto e puxou o vidro de gelatina de seu esconderijo, no armário. Despejou todo dinheiro que tinha no chão e contou-o cuidadosamente, três vezes. O total tinha que estar exato. Não havia margem de erro. Colocou as moedas no vidro com cuidado e fechou a tampa. Saiu devagarzinho pela porta dos fundos e andou cinco quarteirões até chegar à farmácia.
      Esperou pacientemente que o farmacêutico a visse e lhe desse atenção, mas ele estava muito ocupado no momento. Ela, então, esfregou os pés no chão para fazer barulho, e nada! Limpou a garganta com o som mais alto que pôde, mas nem assim foi notada. Por fim, pegou a moeda e bateu no vidro da porta. Finalmente foi atendida!
      O que você quer?” perguntou o farmacêutico com voz aborrecida. “Estou conversando com meu irmão que chegou de Chicago e que não vejo a séculos”, disse ele sem esperar resposta.
    “Bem eu quero lhe falar sobre meu irmão”, respondeu a menina no mesmo tom aborrecido. “Ele está realmente doente... E eu quero comprar um milagre”.
        “Como?”, balbuciou o farmacêutico admirado.
       “Ele se chama Andrew e está com uma coisa muito ruim crescendo dentro da cabeça e papai disse que só um milagre poderá salvá-lo.
         E por isso eu estou aqui. Então, quanto custa um milagre?”
     “Não vendemos milagre aqui, garotinha. Desculpe, mas não posso ajudá-la” , respondeu o farmacêutico com o tom mais suave.
     “Escute, eu tenho dinheiro para pagar. Se não for suficiente, conseguirei o resto. Por favor, diga-me quanto custa”, insistiu a pequena.
      O irmão do farmacêutico era um homem gentil. Deu um passo a frente e perguntou a garota: “que tipo de milagre seu irmão precisa?”
       “Não sei”, respondeu ela, levantando os olhos para ele. “Só sei que ele está muito mal e mamãe diz que precisa ser operado. Como papai não pode pagar, usar meu dinheiro”.
       “Quanto você tem?” - perguntou o homem de Chicago.
     “ Um dólar e onze centavos”, respondeu a menina num sussurro. “É tudo que tenho, mas posso conseguir mais se for preciso”.
     “Puxa que consciência” – sorriu o homem. “Um dólar e onze centavos!!! Exatamente o preço de um milagre para irmãozinhos”.
       O homem pegou o dinheiro com sua mão e, dando a outra mão à menina disse
       “Leve-me até sua casa. Quero ver seu irmão e conhecer seus pais. Quero ver se eu tenho o tipo de milagre que você precisa”.
       Aquele senhor gentil era um cirurgião, especializado em Neurocirurgia. A operação foi feita com sucesso e sem custos.
     Alguns meses depois Andrew estava em casa novamente, recuperado. A mãe e o pai comentavam alegremente sobre a seqüência de acontecimentos ocorridos.
      “A cirurgia”, murmurou a mãe, “foi um milagre real. Gostaria saber quanto custou!”
    A menina sorriu. Ela sabia exatamente quanto custa um milagre... Um dólar e onze centavos... Mais a fé de uma garotinha...
      Não há situação, por pior que seja, que resista ao milagre do amor. Quando o amor entra em ação, tudo vence e tudo acalma. Onde o amor se apresenta, foge a dor, se afasta o sofrimento e o egoísmo bate em retirada.