Com
estas duas frases lapidares enuncia o divino mestre a lei universal e infalível
de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do “Karma”. Se os
homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores sobre a
face da Terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus semelhantes é
fazer mal a si mesmo.
O universo é um
“Kosmos”, isto é, um sistema de ordem e harmonia, regido por uma lei que não
admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo é a própria Lei Universal.
Dentro desse sistema código, a toda ação corresponde uma reação equivalente.
Pode essa reação tardar, mas ela vem com absoluta infalibilidade.
Objetivamente, ninguém
pode perturbar o equilíbrio do universo, embora, subjetivamente, os seres
conscientes e livres possam provocar perturbação. A ação do perturbar provoca
infalivelmente a reação do perturbado, e esses dois fatores, ação e reação,
atuando como causa e efeito, mantém o equilíbrio do todo. A ação do perturbador
chama-se culpa ou pecado, a reação do perturbado chama-se pena ou sofrimento.
Ser autor duma culpa é ser mau, ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por
isto, é matematicamente impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si
mesmo. Se tal coisa fosse possível, o malfeitor teria prevalecido contra o
universo e ab-rogado a Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado
o Himalaia com a Cabeça.
Compreender praticamente
essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é deixar de ser mau ou pecador. Se
todos os homens fossem sábios ou sapientes, não haveria maus sobre a face da
Terra. Mas os homens são maus porque são insipientes, ignorantes. “Disse o
insipiente no seu coração: não há Deus!” Todas as vezes que os livros sacros se
referem ao pecador, usam o termo “insipiente”, isto é, “não sapiente” ou
ignorante.
O grande ignorante é o
pecador.
O grande sábio é o
santo.
Quem conhece
experiencialmente a ordem cósmica não comete a loucura de querer destruí-la com
seus atos maus, porque sabe que isto é tão impossível com o querer derrubar o
Himalaia com a cabeça ou apagar o sol com um sopro.
O verdadeiro homem santo
é sapiente. E sua sapiente santidade consiste em manter perfeita harmonia com a
lei do universo. A própria palavra “santo” quer dizer “universal” ou “total”. O
homem santo é o homem univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma
vantagem parcial contrária à ordem total.