Sunday, May 10, 2015

CASOS, CAUSOS & ACASOS

   


                                DESCANSE EM PAZ


Meu pai tinha um espírito jocoso; ou seja, sabia falar coisas sérias brincando e   simplificar ou até mesmo amenizar  os momentos difíceis ou constrangedores.

Pois bem, quando Ele passou a ter dificuldades em andar, embora a mente estivesse lúcida, passou a descer toda manhã e assentar-se no banco em frente a Loja de Duvalzinho, onde ficava a conversar com os amigos, em sua maioria aposentados, e recebia a atenção do Beto, da Helena e  suas filhas, filava um cafezinho e até era conduzido ao banheiro da loja. Nós, filhos, temos certeza que esta amizade diminuiu-lhe a tristeza de não poder andar pela Cidade. como era do seu feitio.

Assim, chegada a hora do almoço, após o sinal de Da. Analita, dado da varanda casa, empreendia Ele a tarefa de atravessar a rua e subir a escada de nossa casa,  o que era feito de  forma lenta com paradas para descanso, e sempre auxiliado por alguém, qualquer pessoa que estivesse no banco ou passasse ajudava-o na batalha de voltar para casa ( embora Ele gostasse que fossem mulheres - risos ). Numa dessas vezes o Alicate ( de todos conhecido e morador do Bairro Cerâmica ) foi quem o ajudou a atravessar a rua, subir a escada até alcançar a porta de nossa casa. O Alicate, um rapaz risonho, bem humorado, querido por todos,  ao deixá-lo no final da escada, virou-se para o meu pai e disse :

- Pois é Sô Nô, " descanse em paz " !

- E meu pai rindo, disse :  ô FDP eu já vou é almoçar, né morrer não!

,