“Brincar
com as mãos e com os pés. Mais tarde, com os objetivos externos ao próprio
corpo. Jogar a bolinha correr e pegá-la com as mãos. Depois, descobrir que os
pés também participam desse jogo. Estas são experiências fantásticas, apenas o
começo de vivências que se seguirão por toda a vida de uma pessoa”. A
afirmativa contundente é da psicóloga Fernanda Carvalho de Faria Mendes, da
equipe do CEPPA.
A
palavra “lúdico” refere-se a jogos, brincadeiras e outros divertimentos.
Portando, pode-se perceber que o lúdico está colocado na infância desde seu
início, contribuindo para o desenvolvimento emocional daquela “pessoazinha” que
começou a descobrir a si mesma e ao mundo à sua volta.
Segundo
a psicóloga, quando a criança brinca, suas emoções, sentimentos e percepções
bem como seus comportamentos se movimentam sem parar. Isso faz com que ela
estreite ainda mais sua reação com o mundo, estabelecendo vínculos que ajudarão
no seu crescimento emocional. “É quando a relação com a outra criança ou com
adulto começa a se estabelecer”, afirma.
A
EMOÇÃO DO FUTEBOL
Um
exemplo disso, é o jogo de futebol. Esse esporte, que estimula os aspectos
psicomotores, faz com que a criança, segundo disse, ao correr de um lado para o
outro, aprenda a distinguir sua posição dentro do campo; sem contar que ao dar
um chute na bola ela desenvolve um senso de equilíbrio e direção, num tempo
limitado.
Além
do mais, a pelada estimula o seu desenvolvimento intelectual. “É quando a
criança percebe que marcou um gol e não dois. Ela descobre ainda que para
conseguir o ponto tão desejado precisa armar uma jogada de ataque, utilizando o
raciocínio e a atenção. A criança sabe também que quando a bola está nos pés do
adversário tem de se posicionar para defender a sua equipe”, diz Fernanda.
Outro
ponto importante do futebol, de acordo com a psicóloga, é que a brincadeira
propicia ainda condições da criança interagir socialmente com outras, e é a
partir daí que o “espírito de equipe” se aflora, despertando a necessidade de
cooperação e entrosamento na relação.
Os
aspectos emocionais evidenciam-se claramente nesse jogo.
“A
criança tem a chance de fazer escolhas, tendo preferências pessoais,
considerando alguns amigos e outros não. Ela convive com as regras e com os
limites. Lida com os ganhos e com as perdas, com os sentimentos de vitória,
satisfação e prazer, mas também aprende com a tristeza, medo, raiva e dor.
Sensações estas que são boas e ruins, inerentes a todos os seres humanos. “A
pelada é apenas um exemplo. Ela acaba, mas os jogos da vida continuam”, afirma.
NA
HORA CERTA
Entretanto,
Fernanda Mendes ressalta a importância de se ficar atento, já que para cada
fase da vida existe um jogo diferente e ele deve acontecer no seu devido tempo.
Para
ela, não jogar na hora certa pode ser um sinal de alerta com relação ao
desenvolvimento intelectual, emocional ou social da criança. Assim como,
antecipar o contato com determinados jogos pode forçar a criança a realizar uma
atividade para qual ela ainda não se encontra preparada.
Fernanda
lembra também que “enquanto o adulto possui a fala como recurso principal de
expressão a criança lança mão das brincadeiras para se expressar, ainda que
simbolicamente, seus medos, angústias e problemas internos”. Quando manifesta
seus conflitos na atividade lúdica, segundo afirma, a criança tem a
oportunidade de reconstruir sua história, munindo-se da fantasia que o brincar
proporciona.
Finalizando,
Fernanda Mendes diz: “Podemos fazer da educação de nossas crianças um grande
divertimento. Orientar sem perder a alegria. Podemos arriscar jogadas novas a
cada experiência do dia a dia. Podemos estimular o crescimento. Como?
Brincando. E por que não? Ludicando!”