A
perda de um ente querido deixa todo ser humano sem saber o que fazer. É que a
perda não comporta o “fazer”
e sim o “sentir”.
Daí a sensação de impotência diante do fato.
O momento reveste-se de dor,
lamento, indignação e até de dúvida.
Apesar da perda ser um fenômeno
imposto a todos, portanto universal; quando ela acontece próxima a nós,
sentimo-nos um pouco descrentes da vida e percebemos o quão ela é instável e
sem a garantia de permanência. Temos dificuldades em aceitar a ausência da
pessoa, pois esta é a nossa última escala no processo de absorção da perda.
Diante da perda, recusamo-nos a
aceitá-la como fato, advindo o sentimento da estranheza, distanciamento da
lógica, e um mergulho num vazio indescritível. Em seguida a revolta pessoal com
a realidade indesejada e a constatação da falta de controle sobre os fatos da
vida.
É comum neste momento o sentimento
da raiva contra o médico (se foi doença), contra quem provocou ou participou do
fato (se foi acidente); até mesmo contra DEUS, que se supõe que poderia tê-lo
poupado deste sofrimento.
Cumprida esta etapa surge a tristeza
e até a própria depressão. Surge a dor mansa, o pesar, as lágrimas. Saudade do
cheiro, do olhar, da voz, do jeito, do carinho daquele que se foi. É ao
vivenciar este problema que refletimos e indagamos sobre o real sentido da
vida.
Passados estes estágios, surge
alguma paz interior que vai juntando as partes quebradas para formar uma
aceitação silenciosa; podendo até resultar em um novo modo de viver.
Então fica claro que as perdas são
inevitáveis e que cada momento da vida tem seu tempo.
A noite escurece até a meia-noite, daí
para frente é o prenúncio da madrugada com o clarear.
A vida e a morte são vividas, não
decifráveis pelo nosso pensamento; então a única alternativa é voltar a viver,
com alegria, amor e uma boa pitada de esperança.