Friday, May 22, 2015

PERDAS INEVITÁVEIS



A perda de um ente querido deixa todo ser humano sem saber o que fazer. É que a perda não comporta o fazer e sim o sentir. Daí a sensação de impotência diante do fato.

O momento reveste-se de dor, lamento, indignação e até de dúvida.

Apesar da perda ser um fenômeno imposto a todos, portanto universal; quando ela acontece próxima a nós, sentimo-nos um pouco descrentes da vida e percebemos o quão ela é instável e sem a garantia de permanência. Temos dificuldades em aceitar a ausência da pessoa, pois esta é a nossa última escala no processo de absorção da perda.

Diante da perda, recusamo-nos a aceitá-la como fato, advindo o sentimento da estranheza, distanciamento da lógica, e um mergulho num vazio indescritível. Em seguida a revolta pessoal com a realidade indesejada e a constatação da falta de controle sobre os fatos da vida.

É comum neste momento o sentimento da raiva contra o médico (se foi doença), contra quem provocou ou participou do fato (se foi acidente); até mesmo contra DEUS, que se supõe que poderia tê-lo poupado deste sofrimento.

Cumprida esta etapa surge a tristeza e até a própria depressão. Surge a dor mansa, o pesar, as lágrimas. Saudade do cheiro, do olhar, da voz, do jeito, do carinho daquele que se foi. É ao vivenciar este problema que refletimos e indagamos sobre o real sentido da vida.

Passados estes estágios, surge alguma paz interior que vai juntando as partes quebradas para formar uma aceitação silenciosa; podendo até resultar em um novo modo de viver.

Então fica claro que as perdas são inevitáveis e que cada momento da vida tem seu tempo.

A noite escurece até a meia-noite, daí para frente é o prenúncio da madrugada com o clarear.
A vida e a morte são vividas, não decifráveis pelo nosso pensamento; então a única alternativa é voltar a viver, com alegria, amor e uma boa pitada de esperança.