Dá-se
o nome de cidadãos a todas as pessoas que gozam de direitos civis e políticos
dentro de um Estado. Assim, são cidadãos não apenas os naturais daquele Estado,
mas também os estrangeiros naturalizados; estes, porém, exercem seus direitos
políticos dentro das limitações constitucionais de cada país.
Devemos
notar que o exercício dos direitos concedidos pela cidadania está intimamente
ligado ao cumprimento de determinados deveres, tanto para com o Estado como
para o povo ao qual pertence o cidadão.
Para
que o indivíduo seja um verdadeiro cidadão, não basta que ele cumpra as leis
estabelecidas pelo Estado. É preciso participar consciente e voluntariamente na
plenitude dos deveres e direitos cívicos.
Assim,
o verdadeiro cidadão não se satisfaz apenas com o cumprimento de seus deveres e
a defesa de seus direitos, mas espontaneamente se esforça para dar tudo de si à
sociedade. Através do bom exemplo, trata todos os seres humanos com educação,
consideração e respeito, sem olhar a condição social de cada um. O mesmo
respeito que devem merecer o Presidente da República ou o Governador do Estado,
merecem um guarda rodoviário ou um simples policial em serviço. Igual respeito
deve estender-se aos representantes de todos os Poderes da República, sejam
eles ministros de Estado, senadores, deputados, desembargadores, juizes,
prefeitos municipais, vereadores, delegados de polícia, etc., no exercício de
seus cargos.
Também
devemos respeitar a hierarquia moral de nossos semelhantes: os pais, os
mestres, os sacerdotes ou pastores da nossa religião, estendendo-se nossa
consideração aos grandes nomes vivos da Nacionalidade, os quais, através de seu
trabalho, são motivos de nossa admiração, quer no campo da vida pública, quer
no científico, no cultural ou no artístico.
O
verdadeiro cidadão é fiel em tudo: a Deus, à Pátria, a seus pais, aos
familiares, aos amigos, ao seu trabalho, ao partido político a que pertença, ao
clube esportivo que defende ou pelo qual torce, pois a fidelidade é a maior
qualidade de um caráter bem formado.
O
verdadeiro cidadão, sendo aluno, dedica-se ao estudo, respeita seus mestres e
estima sua amizade; sendo professor, ensina com honestidade e integridade,
compatíveis com sua responsabilidade. Sendo juiz, decide com isenção e lavra
suas sentenças dentro da lei e livre de influências. Sendo parlamentar,
representa com dignidade o voto popular, jamais maculando a confiança nele
depositada e sempre visando os supremos interesses nacionais. Sendo
funcionário, deve ser diligente no atendimento, zeloso nas obrigações e
moralmente responsável. Sendo militar, deverá dedicar-se com abnegação à
grandeza da Pátria, defendendo-a contra os inimigos internos e externos. Sendo
médico, advogado, engenheiro ou tendo outra profissão liberal, deverá exercê-la
dentro da ética, jamais fazendo dela um simples comércio, e sim,
dignificando-a, sem transgredir as leis divinas e humanas. Sendo empregador,
não deve visar apenas o lucro, mas também o bem estar dos seus empregados e a
boa qualidade de seus produtos. Sendo operário, deverá desempenhar seu trabalho
dentro da máxima perfeição, com boa vontade e satisfação.
Quem
assim procede é um verdadeiro cidadão e pode, orgulhosamente, dizer que cumpre
espontaneamente sua missão na Terra, amando a Deus, honrando a Pátria e
respeitando a seus semelhantes.
Especialmente
aos que se dedicam à vida pública, impõe-se o dever das atitudes e
procedimentos corretos, quer no exercício dos cargos ocupados, quer no convívio
social e na vida particular. Já dizia o Rei D. Duarte, de Portugal, que viveu
de 1391 a 1438, no seu livro LEAL CONSELHEIRO: “Do exemplo dos grandes, colhem
os pequenos os seus frutos, o que significa que o povo tem os olhos voltados
para os seus dirigentes, justificando suas próprias omissões ou transgressões
das leis morais, pela norma de conduta dos que governam”.
Quanto
às virtudes cívicas, não se pode ser um verdadeiro cidadão sem a prática das
mesmas.
Todo
cidadão deve possuir as virtudes cívicas necessárias à vida nacional.
Grécia
e Roma foram nações poderosas, fortes, respeitadas, e, acima de tudo, fontes de
glórias, berços da ciência e da arte, enquanto seus filhos praticaram as
virtudes cívicas. No momento em que a corrupção penetrou nos lares, nas
escolas, na administração, no governo, na sociedade enfim, surgiu à decadência,
a derrocada, o fim.
O
caráter de um povo é o termômetro da nação.
A Pátria exige,
portanto, de cada um e de todos a prática das principais virtudes cívicas, e
que são: trabalho, disciplina, respeito, dignidade, polidez, ordem,
devotamento, abnegação, desprendimento, tolerância, hospitalidade, justiça,
lealdade, cooperação, solidariedade, responsabilidade e cumprimento do dever.