Todos
nós, mais ou menos acentuadamente, somos prisioneiros das nossas próprias
palavras. Mas, como não precisa ser necessariamente prisão perpétua, este texto
pretende entrar com um pedido de liberdade para no mínimo, transitarmos entre
as celas da prisão; ou seja, nada de ficar prisioneiros das mesmas palavras,
podemos nos aprisionar a outras.
Façamos uma análise quanto ao
relacionamento amoroso, quando se termina um, num piscar de olhos, já se tenta
logo se aprisionar a outro, (gostinho efêmero de liberdade). Estar convicto é
estar convencido, e quem está convencido, está prisioneiro do pensamento.
Trocando
em miúdos: cabe a cada um de nós escolher como contar as nossas experiências e
torná-las mais interessantes e agradáveis para nós e para os outros, como se
pudéssemos viver diversas vidas, todas verdadeiras, mas com cores e nuances
diferentes.
Um
bom exemplo de como é possível falar sobre o mesmo fato, ou a respeito da mesma
pessoa de maneira completamente distinta, são os debates políticos e o tribunal
do júri. Um político fala do seu correligionário destacando inúmeras virtudes e
qualidades do candidato que defende, enquanto seu adversário, ao se referir a
mesma pessoa, só vê defeitos e imperfeições. O advogado de acusação, de maneira
eloqüente, faz um relato de todos os motivos que deveriam incriminar o réu, enquanto o advogado de defesa com a mesma eloqüência se
empenha em falar dos diversos pontos positivos que marcaram a vida do seu
cliente. Talvez até todos tenham razão, pois dependerá sempre da maneira como a
narrativa foi produzida. O que demonstra que até sobre nós mesmos, ou a
respeito das experiências que vivenciamos, haverá inúmeras formas de narrarmos
as mesmas informações.